Curso de Jornalismo da UFSB obtém nota 4 na primeira avaliação pelo MEC
Na recente rodada de avaliações de cursos por examinadores do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas (INEP), o curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) recebeu a nota 4, indicando a qualidade da proposta formativa com a segunda melhor nota empregada na escala. Com isso, docentes e discentes da graduação vinculada ao Centro de Formação em Artes e Comunicação (CFAC) e sediada no Campus Sosígenes Costa, em Porto Seguro, partem de uma avaliação muito boa para a consolidação e aprimoramento, e já contam com muito conteúdo informativo ligado aos temas importantes para o território para mostrar, como relatam a coordenadora do curso, professora Joana Brandão, e o vice-coordenador, professor Spensy Kmitta Pimentel.
A professora Joana Brandão comenta que a nota significa que o bacharelado em Jornalismo da UFSB foi estruturado com consistência pedagógica e alinhamento adequado às diretrizes nacionais para os cursos da área. "Também é um reconhecimento do valor da proposta de desenhar um currículo que tem sua identidade firmada no propósito de construir uma prática jornalística e formar jornalistas comprometidos com o território sul da Bahia e com a diversidade cultural de nosso país, em confluência com o propósito da UFSB desde sua formação. Os esforços para criar um percurso que forme profissionais qualificados no sul da Bahia nos levaram a construir um curso promissor, que tem muito a contribuir para o sul e extremo sul da Bahia", avalia a docente.
O ingresso no curso de Jornalismo da UFSB é feito pela participação no Sisu e por editais de acesso a cursos de Segundo Ciclo para concluintes de cursos de Primeiro Ciclo, de ingresso de portadores de diploma e de transferência interna entre cursos da universidade. Ao todo, são 3.120 horas de carga horária, englobando formação técnica, profissional e humanística, com componentes curriculares laboratoriais e de estágios que permitem completar o preparo com experiências ainda na graduação.
O processo de organização do curso para a avaliação periódica do Ministério da Educação foi desenvolvido cotidianamente na atuação do Colegiado de Jornalismo e do Núcleo Docente Estruturante (NDE), afirma a professora Joana Brandão. O formulário de apresentação do curso foi preenchido ao longo de 2023, com o pedido de avaliação sendo respondido pelo MEC em setembro. A fase de avaliação on-line ocorreu em outubro. "Então, foi um mês de muito trabalho que se deu concomitantemente com a troca de coordenação do Colegiado, no começo de outubro. Foi um trabalho coletivo, que a coordenação do colegiado organizou mas que contou com colaboração essencial de todos os docentes que integram os órgãos colegiados do curso e também do Centro de Formação em Artes e Comunicação (CFAC), do corpo técnico-administrativo do Campus Sosígenes Costa e da Comissão Permanente de Avaliação (CPA) da UFSB", detalha Joana.
Para a coordenadora e o vice-coordenador, a avaliação destacou os pontos fortes do bacharelado em Jornalismo. O primeiro: a interdisciplinaridade e o sistema de ciclos, pilares do projeto institucional, ficaram evidenciados como positivos para a capacitação de jornalistas na atualidade. O modelo empregado no curso está em conexão com as diretrizes curriculares nacionais. Outro aspecto bem cotado foi a ligação com o território de atuação da UFSB, em um esforço para "enraizar" a instituição no Sul e Extremo Sul da Bahia em planos e realizações.
A dupla docente à frente do curso destaca também o compromisso dos professores e dos alunos com o curso como mais um ponto muito bem avaliado pela equipe do MEC. Tendo em vista que o Jornalismo é uma área profissional marcada pela dedicação e pela postura ética, pontuam Joana e Spensy, é muito bom que o curso já tenha um corpo docente e um corpo discente altamente comprometidos e motivados. A responsabilidade é tida pelos docentes como muito grande, por conta do curso de Jornalismo da UFSB ser o único oferecido em um raio de 500 km. "Nossa meta é tornarmo-nos uma referência na região", afirmam.
O que o Jornalismo da UFSB tem?
A prática é um ingrediente da formação acadêmica em Jornalismo, como a criação de veículos que servem como laboratórios para que estudantes aprimorem técnicas e adquiram as primeiras experiências de produção noticiosa. No caso do bacharelado da UFSB isso é potencializado por diferentes fatores, como a organização curricular da universidade, que conta com o sistema de ciclos como uma etapa extra de preparação. Outro é a estrutura de ensino e aprendizagem do curso de Jornalismo, que foi pensada e construída para incorporar o atual contexto do trabalho em comunicação, reforçando a técnica profissional aliada à formação humanística.
O cenário atual do trabalho noticioso e em comunicação em geral apresenta alguns parâmetros que o curso de Jornalismo da UFSB busca atender. O professor Spensy explica que a intenção realizada no Campus Sosígenes Costa era criar um curso que fosse adequado ao território e à proposta da universidade: "Por isso, determinamos algumas ênfases que trabalhamos não somente no plano do currículo, mas também acolhendo trajetórias de alunos que passaram pelo 1º ciclo em todas as áreas existentes na UFSB, e também sinalizando para a comunidade acadêmica quais são as áreas prioritárias que buscaremos desenvolver nos próximos anos, em termos não só de ensino, mas também de pesquisa e extensão. Assim, nosso curso tem estas três ênfases possíveis: Jornalismo Cultural; Comunicação comunitária; Jornalismo científico e ambiental. Essas três áreas do Jornalismo correspondem também às três áreas relacionadas aos Centros de Formação existentes em nosso campus (Artes e Comunicação, Ciências Ambientais e Ciências Humanas e Sociais - no caso desta, considerando que existe no CFCHS uma ênfase no trabalho junto às comunidades da região, o que aliás também é muito forte no CFAC)".
As mudanças tecnológicas e sociais, o formato, o sentido e o tempo da notícia são aspectos centrais na oferta de uma formação profissional atenta - em especial ao que o professor Spensy destaca como sendo o “jornalismo pós-industrial”, em que deixou de existir a grande divisão de tarefas na criação de um produto jornalístico: "a pessoa, de preferência, tem de ser capaz de criar uma pauta, realizar a apuração, editar, publicar e promover o que concebeu, desde o início. O jornalista de hoje precisa escrever um texto, tirar fotos, gravar um vídeo e também trabalhar os áudios captados para, por exemplo, criar um podcast. Esse é o profissional ideal, digamos (sabemos que, na prática, as pessoas formam alianças, montam equipes, mas é crucial criar essa consciência entre os alunos)".
Devido ao acesso mais imediato a recursos informatizados e à consequente melhoria de processos que antes tomavam muito tempo e esforço, certas etapas do trabalho foram mudadas de forma que menos pessoas são requeridas. O professor Spensy exemplifica com dados da pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro (2022), segundo a qual 56% dos jornalistas no país trabalham em equipes com no máximo dez integrantes, e 38% dos respondentes trabalham sozinhos ou em equipes de até quatro pessoas.
Assim, ter versatilidade no uso de ferramentas técnicas e suas linguagens é um requisito para o qual estudantes do curso de Jornalismo recebem preparação, detalha o vice-coordenador: "Entendemos que essa é a melhor forma de garantir aos alunos uma inserção no mundo do trabalho, considerando não só o contexto contemporâneo geral, mas também o fato de estarmos no interior da Bahia. Isso se traduz no seguinte: em parceria com o curso Som, Imagem e Movimento, também do CFAC, os alunos têm diversos componentes curriculares que os habilitam tecnicamente a trabalhar com captação e edição de áudio, vídeo e fotografia; design gráfico; mixagem e masterização; roteiro etc. Nos cursos de Jornalismo mais antigos, era comum que profissionais contratados fizessem para os alunos uma boa parte desse trabalho técnico. Nós queremos criar uma cultura de 'faça você mesmo', essa é uma inovação importante que busca formar um profissional em conformidade com o mundo do trabalho atual e que seja capacitado e inventivo, para colaborar com o fortalecimento de um campo de comunicação no sul da Bahia comprometido com o desenvolvimento humano e sustentável da região".
Por jornalistas ligados ao desenvolvimento humano e sustentável
Um requisito de cursos de graduação é a oportunidade de praticar o que se desenvolve em sala de aula e em campo, e nesse sentido o curso de Jornalismo da UFSB organiza esse espaço na Agência de Notícias do Sul da Bahia (ANSUBA) e no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Som e Imagem (LABSIM). A coordenadora, professora Joana Brandão, conta que a produção dos discentes na ANSUBA têm exercitado a qualidade jornalística na cobertura de acontecimentos na cidade de Porto Seguro e na região Sul da Bahia. "Além disso, temos o Jornal Mural, que começou a ser publicado em 2022, que é colado nas paredes do Campus Sosígenes Costa, e está sendo publicado novamente agora neste quadrimestre. Teve a revista Bodarrada, sobre a história da imprensa negra no Brasil. São produções que estão vinculadas aos componentes curriculares do curso, e portanto têm uma periodicidade atrelada a estes componentes. Mas nossos estudantes têm sido também muito pró-ativos e têm criado suas próprias mídias. Por exemplo, tem a página de Instagram dos estudantes do curso, que publica sobre acontecimentos relacionados ao curso e vida acadêmica, e também a página oficial do CFAC que já contou com colaboração de nosso corpo discente", lista a coordenadora.
Os futuros jornalistas também mantêm perfis com produção própria nas plataformas Spotify e YouTube. Dentre outras iniciativas ligadas ao curso, a professora Joana Brandão lista a produção do projeto de extensão UFSB no Ar, em parceria com a Rádio Porto Brasil 88 FM, notícia para a página do CFAC, além da participação no 18⁰ Fórum de Telejornalismo Univesitário da ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária).
Toda essa estrutura está voltada para preparar profissionais que detenham habilidades e "estejam comprometidos com os valores de uma prática profissional alicerçada em um compromisso ético e político com uma sociedade democrática, voltada para o desenvolvimento humano e sustentável", afirma a coordenadora do curso. É um ponto de convergência entre as diretrizes nacionais para cursos de Jornalismo, os desafios da atuação noticiosa em um mundo superconectado e a atenção para o contexto local e regional da UFSB.
"Isto envolve, conforme diz nosso próprio projeto pedagógico: 'desenvolver projetos comunicacionais junto a comunidades periféricas, indígenas e afrodescendentes, rurais e urbanas, do entorno da UFSB, de modo a se engajar nas dinâmicas das lutas e demandas dessas populações na diversidade das redes e das tramas comunicacionais; conhecer o contexto social, cultural e histórico, além da realidade econômica e política no contexto local, nacional e internacional; e exercer atuação interdisciplinar no diálogo com as realidades as quais o profissional de jornalismo deve acessar, visando ao conhecimento transversal para a produção de pautas e textos', pontua a professora Joana.
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