Comitê Emergencial divulgou 32º Boletim sobre cenário regional do novo coronavírus
Seguindo a programação quinzenal, o Comitê Emergencial de Crise da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) divulgou a 32ª edição do Boletim do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia. O documento avalia a evolução de casos no período entre 28 de novembro e 11 de dezembro de 2020. Desde a segunda edição especial, a equipe responsável pelo boletim ajustou a periodicidade de semanal para quinzenal, ampliando o recorte temporal sobre o cenário da pandemia de covid-19 no Sul e no Extremo Sul do estado da Bahia. Confira os destaques da edição:
-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:
Em 11/12, dos 440.545 casos e 8.561 óbitos confirmados na Bahia, 46.247 ou 10,5% do total (Taxa de Ataque de 4.755,8 casos/100 mil hab.) e 1.013 óbitos ou 11,8% do total (CM de 104,2 óbitos/100 mil hab. e TL de 2,2%) eram de residentes em algum dos dez municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 3.186 casos e de 25 óbitos em relação ao acumulado (43.061 casos e 988 óbitos) em 27/11.
O monitoramento da epidemia em nossa região permite observar incremento de 70,7% no número de casos, mas ainda redução de -21,9% na ocorrência de óbitos nas duas últimas semanas em relação às duas semanas anteriores. Também se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, é possível observar incremento de casos e ainda pequena redução na ocorrência de óbitos por COVID-19 no conjunto dos dez municípios.
Nas duas últimas semanas, à exceção de Ibicaraí, os outros municípios apresentaram variação positiva da incidência, se comparadas às duas semanas anteriores. Também se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se variação positiva da incidência de casos de COVID-19. Quanto à ocorrência de óbitos, apenas os municípios de Ilhéus, Nova Viçosa e Teixeira de Freitas apresentaram variação positiva.
Quanto ao risco de se infectar pelo Novo Coronavírus no território de abrangência da UFSB, apenas Nova Viçosa (1.934,2 casos/100 mil hab.) e Porto Seguro (2.707,7 casos/100 mil hab.) apresentam Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (2.962,0 casos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentam risco de infecção muito superior à taxa nacional (3.236,6 casos/100 mil hab.), com destaque para a Região Cacaueira: Itabuna (7.128,2/100 mil hab.), Coaraci (5.861,2/100 mil hab.), Ilhéus (5.108,2,7/100 mil hab.) e Ibicaraí (5.076,3/100 mil hab.).
Quanto ao risco de morrer por COVID-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Itabuna (168,8 óbitos/100 mil hab.), Coaraci (164,8/100 mil hab.), Ibicaraí (161,4 óbitos/100 mil hab.) e Ilhéus (158,9 óbitos/100 mil hab.) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) bem superiores à taxa nacional (85,4 óbitos/100 mil hab.), enquanto Teixeira de Freitas (68,5/100 mil hab.) e Eunápolis (65,3/100 mil hab.) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (57,6 óbitos/100 mil hab.). As demais cidades apresentaram risco de morrer inferior à média estadual.
Quanto ao risco de morrer entre os casos de COVID, apenas Ibicaraí (3,2%), Ilhéus (3,1%) e Coaraci (2,8%) apresentam Taxa de Letalidade (TL) superior à do Brasil (2,6%), enquanto Itabuna (2,4%), Nova Viçosa (2,4%) e Porto Seguro (2,0%) apresenta TL superior à média da Bahia (1,9%), mas inferior à do Brasil em 11/12. Os demais municípios apresentam taxa de letalidade inferior à média estadual.
Destaque para a baixa letalidade observada em Santa Cruz de Cabrália (1,1%), Itamaraju (1,3%) e Teixeira de Freitas (1,4%). A Taxa de Letalidade (TL) pode variar em razão da capacidade de testagem (quanto mais exames, mais diagnósticos de casos leves e assintomáticos e menor TL), a demografia (quanto mais idosa a população, maior o risco de morte pela Covid-19) e condições de acesso à saúde da população (particularmente em relação aos casos críticos, que exigem manejo clínico em UTI e ventilação mecânica).
Quanto à disponibilidade de leitos de UTI e taxa de ocupação, não há informação clara sobre o número de leitos de UTI COVID-19 no território nacional. A SESAB informou no dia 11/12 que 676 (76,0%) dos 892 leitos de UTI existentes no Estado estavam ocupados, sendo a taxa de ocupação de 77,0% no caso de leitos adultos e de 43,0% no caso de leitos pediátricos, mas ressalte-se que leitos têm sido reabertos pela SESAB. Informou-se uma Taxa de Ocupação de 80,0% na Região Sul e de 84,0% no Extremo-Sul (Gráfico 10, acima). O recomendado é que se mantenha abaixo de 70% para que se possa flexibilizar as medidas de isolamento social.
Veja mais detalhes e gráficos sobre o período observado no boletim.
-->Recomendações para a região:
O país deve se preparar para o pior cenário pois a intensidade e duração da “segunda onda” dependerão da nossa capacidade de aplicar medidas de intervenção e controle adequadas de forma oportuna. Se os casos continuarem aumentando, haverá grande pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) em um momento em que leitos públicos e privados destinados à Covid vinham sendo desativados em todo o país. Sendo razoável supor que, na melhor das hipóteses, uma vacina contra a COVID-19 só estará disponível em 2021, RECOMENDA-SE:
• AOS GOVERNOS: transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento à população; conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene das mãos e benefícios das medidas de distanciamento social (de evitar aglomerações); incentivar o uso de máscaras; preparar o SUS para a “segunda onda” e estruturar redes de testagem; identificar precocemente os casos e fazer isolamentos localizados; implementar boas medidas de distanciamento, evitando lockdowns extensos (pelo impacto econômico e psicológico); e calibrar cuidadosamente a suspensão dessas medidas.
• AOS MÉDICOS: a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não indica tratamento farmacológico precoce para COVID-19 (nem cloroquina, nem hidroxicloroquina, nem ivermectina, nem azitromicina, nem nitazoxanida, nem corticoide, nem zinco, nem vitaminas, nem anticoagulante, nem ozônio por via retal, nem dióxido de cloro), apenas medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos (paracetamol e/ou dipirona);
• A TODOS OS INDIVÍDUOS: as 6 “regras de ouro” da prevenção:
a) uso de máscara;
b) distanciamento físico de 1,5m ou 1,8m;
c) higienização das mãos;
d) não participar de aglomeração;
e) manter ambientes ventilados/arejados;
f) paciente com sintomas de “resfriado” ou “gripe” deve ficar imediatamente em isolamento respiratório, fazer teleconsulta e colher PCR nasal para o novo coronavírus (SARS-CoV-2)
--> Mapeando ações de enfrentamento:
A campanha “UFSB Solidária: na luta contra o coronavírus” entregou 270 cestas básicas em aldeias da Terra Indígena Comexatibá, no município de Prado, Extremo Sul da Bahia. Nove aldeias foram atendidas pela ação e receberam 4,3 toneladas de alimentos. Também foram entregues itens de higiene pessoal e limpeza, considerando a situação de pandemia. As doações foram encaminhadas às aldeias pela Coordenação do Campus Paulo Freire, com a intermediação do representante da Associação Indígena Pataxó Aldeia Kaí, Ricardo Xawã.
A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) é a responsável pela campanha, e a arrecadação das doações, compra e montagem das cestas foram realizadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e à Extensão (Fapex), entidade jurídica de direito privado sem fins lucrativos que presta assistência às instituições públicas.
Será realizada mais uma entrega de cestas de alimentos na região. A campanha UFSB Solidária encerra as arrecadações neste mês de dezembro, mas o compromisso institucional com os territórios Sul e Extremo Sul da Bahia continua, principalmente, por meio de ações de pesquisa e extensão.
Aldeias atendidas: Aldeia Dois irmãos (15 cestas), Aldeia Tibá (24), Aldeia Kaí (22), Aldeia Pequi (32), Aldeia Gurita (17), Aldeia Mukujê (30), Aldeia Monte Dourado (15), Aldeia Alegria nova (10) e Aldeia Tawá (105).
--> Orientações para prevenção:
Nesta edição, a análise da equipe do Observatório trata de informar sobre os riscos de viagens para o reencontro familiar nas festas de fim de ano durante a pandemia. As recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) sobre a renúncia às viagens de final de ano e o risco que esse deslocamento em período de alta do contágio são pontos importantes da seção, apelando para que as pessoas se preservem para poder comemorar juntas após a pandemia.
Veja o texto completo no boletim (página 19).
Documento relacionado
Boletim nº 32 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (17/12/2020)
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