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Discentes, docentes e pessoas egressas da UFSB recebem homenagem em evento da OAB Porto Seguro

  • Publicado: Quarta, 03 de Dezembro de 2025, 16h46
  • Última atualização em Sexta, 05 de Dezembro de 2025, 09h43
  • Acessos: 356
WhatsApp Image 2025 11 27 at 20.28.27A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Porto Seguro (OAB-PS) realizou Segunda Roda de Conversa Esperança Garcia, com o tema Luminárias de Esperança: Raízes e Resistência, a celebração Negra em Porto Seguro, Cabrália e Belmonte, no último dia 27. O evento foi promovido pela Diretoria e pela Comissão de Promoção da Igualdade Étnico-Racial e Religiosa na sede da subseção. A presença de discentes, docentes e pessoas egressas da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) foi um destaque da atividade.

A Diretoria foi representada pela advogada Fernanda Salvatore. A Comissão de Promoção da Igualdade Étnico-Racial e Religiosa da OAB-PS foi representada por membras egressas do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades e do curso de Direito da UFSB, do Campus Sosígenes Costa, em Porto Seguro. São elas as advogadas Marta Barros (presidente), Ágatha Coelho e Denise Reis.
 
Marta Barros é advogada trabalhista e previdenciarista e atuou como advogada no Programa de proteção aos defensores de direitos humanos. Ela é coordenadora regional CAAB, no eixo Extremo Sul, e integra a Comissão de Direito do Trabalho, Previdenciário e da Mulher da OAB-PS.

Agatha de Jesus Coelho é especialista em Direitos, Desigualdades e Governança Climática  (UFBA), pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil (Gran Cursos), estagiária de pós-graduação no Fórum de Santa Cruz Cabrália/BA e também integra a Comissão de Meio Ambiente da OAB-PS.
Denise Reis é subdelegada da OAB Porto Seguro/BA no triênio 2025–2027, integra também a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil, subseção Porto Seguro/BA, e atualmente cursa o Mestrado em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em Filosofia (UFSB/UESC), no qual desenvolve pesquisa na área de Estética, com ênfase na filosofia de Friedrich Nietzsche.
 
A UFSB também foi representada por pessoas egressas de suas graduações e grupo de pesquisa na lista de homenagens do evento. O critério para a inclusão na lista foi a participação na luta por igualdade racial, justiça social e pela valorização do protagonismo negro na sociedade. A iniciativa integrou a programação do Mês da Consciência Negra e deu continuidade à homenagem iniciada em 2024 à história de Esperança Garcia. 



IVANEIDE ALMEIDA DA SILVA
Nascida em Iguaí, no sudoeste da Bahia, e professora de História do Instituto Federal da Bahia – Campus Porto Seguro, teve sua trajetória acadêmica construída entre Ilhéus, Itabuna, Salvador e Porto Seguro. Vive em Porto Seguro há quase completos 18 anos. É mestre pela Universidade Federal da Bahia e doutora pela Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGES/UFSB), dedicando-se à pesquisa sobre a história das mulheres, especialmente no que diz respeito ao trabalho feminino e aos saberes de comunidades locais. Além da docência e da pesquisa, desenvolve projetos de ensino e extensão voltados à valorização das identidades negra e indígenas, e colabora com movimentos sociais que fortalecem essas pautas. Sua trajetória pessoal e profissional se entrelaça com as lutas de outras mulheres negras brasileiras, reafirmando meu compromisso com a educação como prática de resistência e transformação.

ANGELA FERREIRA DE OLIVEIRA
Natural de Itamaraju, Bahia, atualmente cursa Licenciatura Interdisciplinar em Artes na UFSB. Ela é professora, artesã, mãe solo, agente cultural, mobilizadora social e trancista. Cada papel desempenhado por ela expressa seu compromisso com a arte, a educação e a transformação social. Ela é atuante nos Movimentos pela Terra e na Teia dos Povos, espaços de resistência e construção coletiva que fortalecem a luta por território, dignidade e justiça social. Também mobiliza ações nas periferias de Porto Seguro e região, buscando ampliar o acesso à cultura, à educação e aos direitos básicos para comunidades historicamente marginalizadas. É idealizadora da criação do Novembro Negro no bairro Vila Valdete, que há nove anos promove o reconhecimento e a valorização da identidade negra e da cultura afro-brasileira. E atua como consultora e idealizadora da Associação de Trancistas de Porto Seguro, fortalecendo o empreendedorismo feminino e a valorização das tradições afrodescendentes. Representante das Mulheres na Conferência Nacional das Mulheres em Brasília, sendo a voz das Trancistas e das Mulheres Negras e Periféricas do Extremo Sul da Bahia.

CÁTIA SANTOS OLIVEIRA
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade da Universidade Federal do Sul da Bahia (PPGES/UFSB), é mestra em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER/UFSB) e bacharel em Antropologia pela mesma instituição, com ênfase em religiões afro-brasileiras. Possui Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais e Suas Tecnologias (UFSB) e é especialista em Ensino de História e Geografia, História e Cultura Afro-Brasileira, Ensino Religioso, Leitura e Produção de Texto, Filosofia Contemporânea pela União Brasileira de Faculdades (UNIBF) e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho (UFPI). Mulher preta, adepta do Candomblé e ativista das questões raciais, dedica sua trajetória acadêmica e militante à valorização dos saberes afro-brasileiros, à resistência das mulheres negras e à construção de epistemologias plurais e decoloniais no campo da educação e das ciências humanas. Integrante do projeto de extensão, intitulado “OLÙKÓ DIDÈ – Contracolonizar e Emancipar Saberes: formar-ações para uma Educação Antirracista no Extremo Sul da Bahia”, atuando na cidade de Belmonte.

GILMARIA DA CRUZ MENEZES
Mulher preta, neta, filha, mãe, avó, irmã, tia e esposa, poetisa, escreve poesias desde os 12 anos, professora da rede municipal de ensino de Porto Seguro, mestra pelo Programa de Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-raciais (PPGER/UFSB). Militante histórica do movimento negro de Porto Seguro, ajudou a articular e implantar várias iniciativas no município para a promoção da igualdade racial e para implementação da Lei 10.639/2003 e de políticas para pessoas com Anemia Falciforme. Foi membra do Instituto Sociocultural Brasil Chama África, incidiu para a criação do Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Porto Seguro, organizou e participou de várias conferências municipais que resultou no I Plano de Igualdade Racial do Município de Porto Seguro, na política municipal de educação e para mulheres, é técnica pedagógica na Secretaria Municipal de Educação na Coordenação de Educação das Relações Étnico-Raciais.

MIRIAM SILVA
Natural do Rio de Janeiro, moradora em Santo André, Santa Cruz Cabrália, Bahia, há 30 anos. Assistente social, Produtora Cultural, mestre em Relações Étnico Raciais na UFSB-Campus Sosígenes Costa (PPGER/UFSB). Ativista cultural, escritora, sempre defendeu as manifestações de cultura Afro, popular e tradicionais, em dez anos como gestora do espaço cultural Centro de Cultura de Porto Seguro, da SECULT-BA, lutou para a ocupação do espaço por esses agentes culturais, e como presidente do Instituto Cultural Brasil Chama África, ONG, que fundou em 2007, sempre inseriu as manifestações ancestrais em nosso currículo de luta, trabalhou com o empoderamento das Mulheres Negras e Juventude atualmente ocupa uma casa de cultura no litoral norte de Santa Cruz Cabrália, denominada Vila Criativa, onde a principal atividade é a cultura popular, com uma grade que vai desde da capoeira, ao samba de roda, roda de danças indígenas e outras tradições locais.

MOISÉS DA CRUZ SANT’ANA
Natural de Belmonte, é educador, ativista antirracista e defensor dos direitos humanos. Iniciou sua militância no movimento estudantil ainda na adolescência e atuou na Secretaria Municipal de Educação de Belmonte antes de participar de programa internacional de mobilidade acadêmica nos Estados Unidos. É licenciado em Linguagens e suas Tecnologias pela UFSB, onde presidiu a Comissão de Políticas Afirmativas, participou do Congresso Baiano de Pesquisadores(as) Negros(as) e teve papel central no enfrentamento às fraudes no sistema de cotas raciais, contribuindo para a criação da banca de heteroidentificação e para o fortalecimento das ações afirmativas, que hoje garantem ampla presença de estudantes cotistas na universidade. Diretor do Instituto Brasil Chama África e da Black Institute, coordena o programa Comunidade Bilíngue – da Periferia para o Mundo, oferecendo formação em idiomas e qualificação profissional para jovens das periferias de Porto Seguro. Com passagem por pós-graduação internacional no Uruguai, participou da COP 28, em Dubai, debatendo racismo ambiental e os impactos das mudanças climáticas sobre populações periféricas, indígenas e quilombolas.

MONICA MOARA DA SILVA SACCHI
Além de modelo e atriz, é diretora executiva do Instituto Sociocultural Brasil Chama África (ISBCA) e produtora executiva da Vila Criativa desde 2018, onde coordena mais de 30 eventos voltados à infância, juventude, povos originários, população negra e economia criativa no sul da Bahia. Gestora cultural com 10 anos de atuação no setor, desenvolve projetos que entrelaçam arte, educação, sustentabilidade e inclusão, com ênfase na promoção de ações antirracistas e comunitárias. É bacharelanda em Artes pela UFSB, formada em Jornalismo (Estácio) e em Produção Cultural pelo programa Jovem Monitor Cultural (SMC-SP/CIEDS). Também possui formação em atuação pela Escola Internacional de Teatro Germana Erba, com complementações em improvisação, técnicas de teatro pela SP Escola de Teatro e atuação audiovisual com os métodos Strasberg e Meisner. Foi colunista da Revista Raça por 3 anos, assessora de imprensa do ex-secretário de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, e recebeu o Prêmio Funarte Respirarte em 2020. Desde então, segue produzindo e lançando obras autorais por meio de editais públicos. Sua pesquisa atual se dedica ao afrofuturismo, às culturas populares brasileiras e às artes da cena como ferramenta de educação antirracista.

GRUPO DE PESQUISA USOS EMANCIPATÓRIOS DO DIREITO
Grupo liderado pelas professoras Lidyane Maria Ferreira de Souza (CFCHS/UFSB) e Maria do Carmo Rebouças Santos (CFPPTS/UFSB) e que realiza pesquisas interseccionais voltadas ao alcance da justiça social e racial através do Direito.
 

Quem foi Esperança Garcia


Esperança Garcia foi reconhecida pela OAB-PI como a primeira advogada do Brasil. O trabalho de preparação do dossiê para seu reconhecimento foi realizado pela Comissão A verdade da escravidão negra no Brasil, presidida pela professora Maria Sueli Rodrigues de Sousa (in memoriam). Na petição que escreveu ao governador da capitania de São José do Piauí, em 6 de setembro de 1770, Esperança Garcia demonstra ciência das normas jurídicas e religiosas que pode mobilizar para defender sua existência e dos seus, considerando sua condição de pessoa escravizada:

Eu sou uma escrava de Vossa Senhoria da administração do Capitão Antônio Vieira do Couto, casada. Desde que o capitão lá foi administrar que me tirou da fazenda algodões, onde vivia com o meu marido, para ser cozinheira da sua casa, ainda nela passo muito mal. A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho meu sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca, em mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que cai uma vez do sobrado abaixo peiada; por misericórdia de Deus escapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar há três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar. Peço a Vossa Senhoria pelo amor de Deus ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar ao procurador que mande para a fazenda aonde me tirou para eu viver com meu marido e batizar minha filha.
(https://www.oabpi.org.br/wp-content/uploads/2025/09/Ebook_Esperanca_garcia.pdf)



Outras homenagens

A professora Lidyane Maria Ferreira de Souza destaca outras pessoas homenageadas. Conforme ela, "embora não tenham integrado formalmente a UFSB, inspiraram e contribuíram para a realização de eventos, de pesquisas e projetos de extensão da e na UFSB", com contribuições relevantes.

AELSON SOUZA CARDOSO
Aelson Souza Cardoso, 55 anos, casado e pai de quatro filhos (Ana Danielle, Júlia, Juliana e Antônio), é comunicador, gestor público e ativista social. Reside em Porto Seguro desde 1990, quando iniciou sua trajetória profissional atuando na gestão do Hortifruti Sacola Cheia, onde permaneceu por 12 anos. Atua há mais de duas décadas na comunicação, atualmente integrando a equipe da Rádio Porto Brasil FM 100.9, onde exerce seu compromisso com a informação e a justiça social. Também foi auxiliar de imprensa da OAB – Subseção de Porto Seguro, nas gestões dos presidentes Dr. Amílcar França e Dr. José Arruda Amaral. É formado em Gestão Pública pela ULBRA, em Rádio, TV e Publicidade pelo Instituto do Conhecimento da Bahia, Licenciado em Matemática pela FAM – Universidade das Américas, além de Corretor Avaliador e Administrador de Imóveis (CRECI 23506-F / CNAI 36.486). Possui formação acadêmica complementar em Licenciatura em Computação (IFBA – incompleto) e é pós-graduando em História e Cultura Afro-Brasileira pela FACIBA. Servidor público do Governo do Estado da Bahia, atua como assessor de Comunicação no programa Corra pro Abraço, referência latino-americana em políticas de redução de danos, voltado ao acolhimento e à promoção da cidadania de populações em situação de vulnerabilidade. Militante da cultura, do movimento negro e da diversidade, dedica sua voz e sua atuação à luta por justiça social, tanto no rádio quanto nos espaços públicos e digitais.

ARLITO RODRIGUES SANTOS
É mestre de capoeira e iniciou na capoeira em 1992 na cidade de Ipiaú. Chegou em Porto Seguro no ano de 2016, e desde então desenvolve um projeto social no bairro Casas Novas/Baianão, com crianças e adolescentes. Faz um trabalho de resgate e valorização da capoeira dentro da periferia como forma de reconhecimento das nossas raízes e tradições. Contribuindo para a melhoria das relações étnico-raciais, auxiliando no combate ao preconceito, à discriminação e ao racismo que atinge a população negra, jovem e periférica.

DAGMAR OLIVEIRA (in memoriam)
Dagmar Oliveira ceramista de origem Pataxó, nascida em Una/BA. Em contexto precário e com poucos recursos materiais, Dona Dagmar criou tudo a partir do barro. Foi através dele que a artista alimentou seus filhos e melhorou sua condição de vida. Sua trajetória é marcada por resiliência. Seu amor pelo barro e por seu ofício de oleira fez com que Dagmar conquistasse Belmonte e admiradores Brasil afora. Hoje, parte de sua família pratica esse ofício emblemático, que sublinha a importância do contexto e do território nas práticas culturais de uma região. Em reconhecimento a sua trajetória, dona Dagmar também foi tema do documentário “Dagmar, Filha do Barro”, exibido no 37º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Uma das obras de Dona Dagmar, a “cadeira-pote”, atualmente faz parte do acervo de 31 cadeiras do MUCA (Museu das Cadeiras de Belmonte.

DANILO DE SOUZA SOARES
Nascido em Porto Seguro, atualmente está como superintendente de Promoção da Igualdade Racial do municipio de Porto Seguro, jovem negro pertencente a comunidade de Terreiro, atua na construção de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial e preservação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais. Graduado em Enfermagem, aborda em suas pesquisas os saberes ancestrais como referência na área acadêmica.

ELISABETH DE CAMARGO FRANCISCO
Nascida em São Paulo, onde viveu até 2005, é professora. Já trabalhou na rede privada, e na rede pública. Atuou com o povo Pataxó em Coroa Vermelha. Atualmente trabalha com artesanato e gastronomia. No que se refere à promoção da igualdade racial, sua vida foi pautada na luta e resistência, participando dos movimentos sociais e fortalecendo a pauta antiracista em Porto Seguro. Entende que a promoção da igualdade racial é um trabalho diário em todos setores por onde perpassa, "pois o racismo come e dorme com a gente desde sempre, por essa razão é necessário estarmos sempre alerta".

GABRIELLA BORGES
Mulher travesti, negra, moradora do Baianão (complexo de bairro da periferia de Porto Seguro), natural de Brasília de Minas (norte de Minas Gerais), licenciada em Química pela IFBA campus Porto Seguro, assessora parlamentar estadual (deputado estadual Hilton Coelho). Membra do Mulheres Negras Decidem Brasil e Mulheres Negras Decidem Bahia, membra da Coalizão Negra Por Direitos e curso de extensão Defensoras Populares (UFSB).  Membra do 8M Porto Seguro, presidenta do PSOL Porto Seguro e secretária de Mulheres do PSOL Porto Seguro, primeira travesti eleita presidenta de partido político no Brasil (Eleita presidenta do PSOL Porto Seguro, em 2021), primeira travesti a concorrer em eleições para prefeita no Brasil, candidata à prefeita de Porto Seguro (2024).  Primeira travesti professora de Química do Brasil. Ativista dos direitos humanos, trans negra feminista, pelos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIAPN+ e dos povos indígenas e tradicionais do Brasil.

GILBERLICE DA CRUZ MENEZES
Natural de Arataca-Ba, é professora da rede pública, ativista fundadora do movimento negro de Porto Seguro e ativista e fundadora do movimento de Mulheres de Porto seguro. Atualmente, está no seu segundo mandato na presidência do Conselho Municipal de Igualdade Racial que ela ajudou a criar e consolidar. Sua atuação foi fundamental para a construção do Plano Municipal de Política de Igualdade Racial, em 2010, e do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres, em 2016 — marcos históricos para o município. Gilberlice também integra o Programa Kala-Tukula de Desenvolvimento de Lideranças para a Governança Global, do Ministério da Igualdade Racial, representando Porto Seguro, os territórios de identidade em um importante programa de formação nacional. Sua dedicação incluiu ainda grandes desafios, como a criação do Grupo Executivo Intersetorial, em 2009, e a articulação que permitiu a entrada de Porto Seguro no Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em 2015. Mais recentemente, ela tem trabalhado para garantir políticas públicas que acolham mães que perderam filhos e filhas para as violências, dando voz e força a uma dor tantas vezes visibilizada.

GILSEA MARIA DE AZEREDO
Nascida no Rio de Janeiro, chegou em Porto Seguro em 1996. É Bacharela em Direito pelo Instituto Metodista Bennett Rio, de Janeiro em agosto de 1993, Tornou-se professora de Capoeira em 2015 e Graduada a Mestranda em Julho de 2022 pelo Mestre Railson, Fundadora do Grupo Capoeira Sul da Bahia. Sua atuação na defesa da igualdade racial iniciou pela Capoeira. Além da prática da Capoeira, engajou nos movimentos de valorização da cultura afro-brasileira e contribuiu para políticas públicas para a defesa da igualdade racial quando então conhecia Miriam do Instituto Chama África e outros. Foi Presidente do GT da Salvaguarda da Capoeira da Costa do Descobrimento que abrange as Cidades de Itagimirim, Belmonte, Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Eunápolis, Itabela e Guaratinga nos anos de 2018 a 2024 atuando em políticas públicas para a capoeira. Foi presidente da comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB- subseção Porto Seguro.

ISABEL NONATA DE LIMA
Isabel Nonata de Lima, conhecida como Bel do Acarajé, nasceu em 03 de fevereiro de 1967, em Picos, no Piauí. Vive em Porto Seguro há quase 40 anos, cidade onde construiu sua trajetória de trabalho, resistência e afirmação cultural. Baiana de acarajé há cerca de 18 anos, aprendeu o ofício com sua tia, iniciando ainda jovem, lavando feijão em troca de alimento. Transformou esse saber ancestral em profissão, empreendendo com dignidade e força, tendo atuado por muitos anos na Praça da Bandeira, um dos pontos tradicionais da cidade. Foi funcionária pública por 20 anos e, desde 2019, atua como coordenadora da Associação Nacional das Baianas de Acarajé da Bahia (ABAM), fortalecendo a organização das baianas de acarajé e a valorização da culinária afro-baiana como patrimônio cultural. A partir de 2013, passou a intensificar sua atuação na luta pela promoção da igualdade social e racial. Bel do Acarajé enfrentou episódios de racismo religioso, transformando a dor em resistência. Por meio do seu trabalho e da sua fé, reafirma diariamente seu compromisso com a ancestralidade, com a baianidade e com a defesa da cultura negra.  

JOSÉ ARLINDO LEAL
É natural de São João de Meriti, na Baixada Fluminense (RJ), território marcado historicamente pela desigualdade social, pela ausência do Estado e pela forte presença da população negra e nordestina. Sua formação humana e política tem origem na escola pública e nas experiências vividas nesse contexto periférico. Iniciou sua trajetória profissional na comunicação social, atuando no rádio, o que o levou a se mudar para Porto Seguro (BA) em 1988, onde construiu sua vida pessoal e profissional. Na cidade, aproximou-se do movimento negro e integrou o Instituto Brasil Chama África, chegando a exercer a presidência da entidade em determinado período. É bacharel em Direito, formado em 2009, e atua na advocacia conciliando o exercício profissional com o empreendedorismo e a comunicação social. Após mais de 20 anos, retornou à atuação no rádio, integrando atualmente a programação da Nativa FM, além de manter seu escritório jurídico. Possui também formação pedagógica em Sociologia, com interesse centrado nas relações sociais, raciais e econômicas, especialmente nas dinâmicas de desigualdade e concentração de riqueza em territórios turísticos como Porto Seguro. Segue atuando na luta antirracista, na reflexão crítica sobre o turismo predador e na defesa de justiça social e igualdade racial.

RITA DE CÁSSIA COSTA
Rita de Cássia (Rita do Arraial) é mãe de três filhos, cuidadora, doula comunitária, agente cultural e ativista do território da Costa dos Povos Originários, em Porto Seguro (BA). Mulher afro-originária e periférica, atua há anos na defesa da justiça reprodutiva, da saúde pública e dos direitos das mulheres. Como doula, está na linha de frente do enfrentamento à violência obstétrica e da luta pelo parto digno, tendo participado do Coletivo Parto Seguro e articulado denúncias e demandas junto ao Ministério Público do Estado da Bahia e ao Conselho Municipal de Saúde, cobrando a implementação de políticas de humanização do parto. Sua atuação se estende ao campo cultural e político, sendo articuladora territorial e agente cultural do Festival MulheriArtes, onde contribuiu para a construção da Carta Manifesto em Defesa das Mulheres da Costa dos Povos Originários. Rita constrói sua trajetória a partir da experiência vivida, transformando cuidado, maternidade e território em ação política, resistência e luta coletiva por dignidade e justiça social.

Com informações de Lidyane Maria Ferreira de Souza, informações e imagem OAB-PS
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