UFSB participa da atualização do Plano de Ação Nacional para Conservação de Ambientes Recifais
A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) está colaborando para a realização do segundo ciclo do Plano de Ação Nacional para Conservação de Ambientes Recifais (PAN Corais), com vigência no período de 2025 a 2030. O PAN Corais é uma iniciativa colaborativa para proteger os ambientes coralíneos, abrangendo espécies de peixes e de invertebrados aquáticos. Esse esforço reúne cientistas, técnicos, representantes de comunidades, sociedade civil organizada e órgãos governamentais. O professor Carlos Werner Hackradt, atuante no Centro de Formação em Ciências Ambientais (CFCAM) e no Laboratório de Ecologia Marinha (LECOMAR), integrou a equipe da oficina de criação do plano, em junho, e faz parte do Grupo de Assessoramento Técnico do ciclo e coordena três das 85 ações a serem implementadas no país. Além dele, a professora Fabiana Cézar-Félix Hackradt e o professor Leonardo Evangelista Moraes atuam como colaboradores em ações previstas no PAN Corais.
Cuidar dos ambientes coralíneos é mais importante ainda quando se considera que já houve quatro eventos recentes de branqueamento (morte) de corais, com o mais recente, de 2023, sendo o mais severo. A perda de corais leva a uma perda de biodiversidade marinha e essa perda afeta também as comunidades pesqueiras. As ameaças listadas às espécies ameaçadas de extinção e que o PAN Corais pretende proteger incluem:
- a pesca predatória, que desequilibra as populações de espécies tanto de interesse comercial quanto de importância nos ambientes coralíneos, como o peixe budião-azul, por exemplo, relevante para a manutenção e renovação do coral;
- a degradação do habitat, que pode se dar pelas diferentes formas de poluição, pela sedimentação crescente na costa e pela presença de espécies invasoras que afetam as cadeias alimentares;
- o turismo desordenado, por gerar impacto direto, pela presença do ser humano no ambiente, e indireto, pela poluição gerada no ambiente;
- mudanças climáticas, pela alteração das condições ambientais em ritmo superior à capacidade de adaptação das espécies e pela adoção de medidas equivocadas que pioram a situação nos ambientes coralíneos.
Para o professor Carlos Hackradt, a participação da UFSB no PAN Corais por pesquisadores ligados ao LECOMAR é uma forma de colocar a experiência dos integrantes do laboratório a serviço de políticas públicas que protejam os recifes de corais brasileiros. "De forma geral, o CFCAm é um centro universitário onde o foco da pesquisa é na área ambiental, com grande foco nas grandes áreas da Ciências Biológicas e Oceanografia, dentre as demais áreas que compõem as Ciências Ambientais. Neste contexto, o LECOMAR têm foco específico na Ecologia Marinha, área que reúne aspectos da Biologia (Ecologia) e a Oceanografia, desenvolvendo primariamente pesquisas com ênfase em entender padrões e processos ecológicos, sejam eles teóricos e/ou aplicados, em ambientes recifais. O LECOMAR já conta com uma expertise de mais de dez anos de atuação em pesquisas nos recifes de corais do extremo sul da Bahia e de diversos outros locais da costa brasileira".
Ações com presença da UFSB
O PAN Corais, neste segundo ciclo, busca levar a discussão sobre a proteção aos recifes de corais para a sociedade, da etapa de planejamento à realização das ações. O professor Carlos Hackradt destaca o valor de incluir a população na construção de propostas de políticas públicas efetivas. A sociedade pode colaborar mais quando entende a necessidade de conservação dos sistemas naturais e de manejo adequado dos recursos presentes nesses sistemas.
"Neste aspecto, uma coisa que se nota claramente na nova fase do PAN Corais é o aglutinamento de pessoas de distintas áreas de atuação: academia, turismo, pesca e poder público, envolvidos na coordenação e atuação no desenvolvimento das ações do PAN Corais. Nota-se também um avanço do uso de ferramentas sociais, tal qual a ciência cidadã, como forma de aglutinar infomração e dissiminar resultados. Por outro lado, os atores mais afetados pelas ações das políticas públicas tiveram voz no processo decisório do PAN Corais e das ações a ele vinculadas, promovendo um processo de escuta ativa e deliberativa na definição de sua matriz de objetivos", aponta o professor Carlos. Ele afirma que esse processo trouxe a noção de pertencimento ao processo decisório que, espera-se, ajude a implementar as ações do segundo ciclo do PAN Corais de forma mais ampla que no primeiro ciclo, para assim trazer mais resiliência a esse que é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta na atualidade.
O professor Carlos Hackradt lista as ações sob sua coordenação.
Ação 5.5 - Monitorar a saúde ecossistêmica em recifes de coral rasos e bancos recifais na costa nordeste. Esta ação busca construir uma avaliação atualizada dos recifes de corais costeiros em função do grau de impactos antrópicos existentes na atualidade, produzindo um mapa diagnósticos da saúde dos recifes de corais entre o Maranhão e a Bahia, para com base nisso, ajudar a subsidiar ações do poder público em prol da conservação deste ecossistema. Esta ação conta com a parceria de: Adriana Carvalhal (COMOB/ICMBio), Iara Sommer (CEPENE/ICMBio), Pedro Pereira (PCR - Projeto Conservação Recifal), Camila Brasil (UFBA), Liana Mendes (UFRN/INCT), José Caldas - Zé pescador- (ONG PROMAR), Marcelo Soares (UFC), Robson Santos (UFAL), Igor Cruz (PELD-BTS), Ruy Kikuchi (UFBA), Taciana Kramer (PELD Costa dos Corais Alagoas), Marina Sissini (USFC), Pedro Meirelles (PELD-BTS), Camilo Ferreira (UFBA), Lelis Antonio Carlos Junior (Projeto Ecorais/BrBio/PUC-Rio), Dyego Bruno Sena Lima (SEMA-MA)
Ação 6.1 - Divulgar e implementar protocolo de detecção precoce e resposta rápida de espécies invasoras exóticas (EEIs). Buscamos criar e implementar um Protocolo de cada EEIs divulgada; Banco de dados de espécies invasoras; Aplicativo para coleta e divulgação de novos processos de invasão. O objetivo é agilizar o processo de detecção, controle e monitoramento de espécies invasoras. Esta ação conta com apoio de Tatiani Chapla (CMEEI/ICMBio), Pedro Pereira (PCR), José Caldas - Zé Pescador (Promar), Ricardo Araujo (NGI Noronha/ICMBio), Elaine Zuchiwschi (ABEMA/IMA-SC), Bárbara Lopes (ABEMA/SEMAS-PE), Vinicius Nora (Arayara), Lucas Penna (NGI Noronha), Karine Machado (INEMA/BA), Aline Barbosa (INEMA/BA), Josangela Jesus e Adriana Jardim (NGI Abrolhos/ICMBio), Guilherme Longo (UFRN), Fernando M. Repinaldo (NGI – Sta Cruz/ICMBio), Sandra Ribeiro (IEMA – APA Setiba), Barbara Segal (UFSC), Adriana Nascimento (Mona Cagarras/ICMBio), Danise Alves (SEMAS/PE), Amanda Albano (Bloom Ocean), Dyego Bruno Sena Lima (SEMA-MA), Schirley Costalonga (NUBIO/IEMA/ES)
Ação 9.6 - Realizar pesquisas buscando ampliar o conhecimento sobre as espécies recifais ameaçadas de extinção. Com intuito de melhorar o conhecimento e diminuir as amaças das espécies de peixes recifais. Conta com apoio de: Léo Messias (CEPENE/ICMBio), Alex Klautau (CEPNOR/ICMBio), Fabiana Félix (P. Budioes/UFSB), Rodrigo Moura (UFRJ), Beatrice Padovani (UFPE), Gil Sales (MMA), Claudio Sampaio (UFAL), Fernando Brutto (CEPSUL/ICMBio), Hudson Pinheiro (USP), Liana Mendes (UFRN), Rodrigo Maia (PELD), Sergio Floeter (UFSC), Carlos Eduardo Ferreira (UFF), George Olavo (UEFS), Áthila Bertoncini (Meros do Brasil)
O PAN Corais
Conforme a página do PAN Corais, dentro do site da ICMBIO, o primeiro ciclo do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais) teve vigência entre 2016 e 2021, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL/ICMBio). O plano contemplou 52 espécies ameaçadas de extinção. O objetivo geral definido foi "melhorar o estado de conservação dos ambientes coralíneos por meio da redução dos impactos antrópicos, ampliação da proteção e do conhecimento, com a promoção do uso sustentável e da justiça socioambiental".
O ciclo atual do PAN Corais, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas e da Biodiversidade Marinha do Leste (TAMAR/ICMBio), é também coordenado regionalmente pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL/ICMBio), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE/ICMBio) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (CEPNOR/ICMBio). Nesta edição, o PAN Corais contempla 53 espécies ameaçadas de extinção, 40 espécies de peixes e 13 invertebrados aquáticos. O objetivo geral é "promover o conhecimento, a conservação, recuperação e restauração dos ambientes coralíneos, suas espécies, e seus serviços ecossistêmicos, com o engajamento da sociedade e justiça socioambiental"

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