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I Ciclo Afropindorâmico do NEABI-UFSB mobiliza comunidade e reúne estudantes e docentes dos três campi

  • Publicado: Terça, 10 de Junho de 2025, 10h19
  • Última atualização em Terça, 23 de Setembro de 2025, 10h25
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Entre os dias 27 e 29 de maio realizou-se, em Porto Seguro, o I Ciclo Afropindorâmico do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena da UFSB, o NEABI. Foram três dias de muitas atividades, trocas de experiências e saberes, apresentação de estudos, pesquisas, oficinas, rodas de conversas, com enfoque em epistemologias negras e indígenas. Conforme apontado pela professora e pesquisadora Célia Regina durante o evento “nós falando por nós, para nós, e, quem mais quiser ouvir e apoiar”. Convocatória abragente todos/as da comunidade UFSB.

Abertura Ciclio Afropindorâmico CSC Porto Seguro

Abertura do evento

O evento foi aberto com uma mesa institucional que demonstrou a relevância assumida pela pauta racial no âmbito da UFSB, que vem construindo diferentes mobilizações, seja a partir da própria gestão universitária ou de grupos de pesquisa e coletivos organizados. Nesse sentido, estiveram presentes a magnífica reitora, Profa. Joana Angélica, representações de setores e unidades acadêmicas da universidade, lideranças de diferentes segmentos da cidade de Porto Seguro, a Prof. Maria do Carmo dos Santos, representando o Observatório ODS 18, bem como pela Profa. Rosiléia Santana e Prof. Daniel Pinheiro, coordenadora e vice-coordenador do NEABI-UFSB, que destacaram a relevância do evento no contexto de reafirmação do Núcleo e mesmo de sua retomada, ocorrida ao final de 2024.

A Conferência Dialogada, que abriu as discussões temáticas do evento, contou com instigantes provocações trazidas pelo magistral prof. Hélio Santos ao apresentar os caminhos percorridos pelos movimentos sociais negros na luta pela implementação das Ações Afirmativas, uma conquista que mudou a “cara demográfica” das universidades públicas brasileiras. Também na noite do dia 28 de maio os/as participantes do evento tiveram contato com a relevante produção do Observatório das Políticas Afirmativas Raciais (OPARÁ) da Universidade Federal do Vale do São Francisco que, por meio da exposição realizada pela Profa. Ana Luísa Araújo, demonstrou como ainda persistem desafios concretos para aplicação das ações afirmativas, sobretudo, da política de cotas para ingresso no serviço público - em suas diferentes carreiras.

O Ciclo oportunizou aos participantes também duas experiências imersivas muito significativas. Na manhã do dia 28 de maio, em caravana, o evento seguiu para a comunidade tradicional de matriz africana Ilê Axé Kajá D’Omin, sendo recebida por seu líder espiritual, o Babalorixá Thales com um gastronômico banquete afeto-degustativo. Na oportunidade, às pessoas presentes foram apresentados às cosmologias afropindorâmica a partir do candomblé, nos quais foram possíveis trocas de saberes, conectar percepções entre o currículo acadêmico e os saberes ancestrais, como exposto pela profa Rosiléia Santana. Essa mesma lógica foi tecida no dia seguinte quando foi realizada uma vivência na Aldeia Pataxó Juerana, liderada pela cacica Iamaní Pataxó que apresentou a comunidade, propôs articulações com a universidade e ofereceu um verdadeiro manjar durante o almoço repleto de comidas típicas da região.

Estudantes da LICHS CPF docentes e caravana NEABI visitam comunidade tradicional de matriz africana Ilê Axé Kajá DOmin

Estudantes da LICHS CPF docentes e caravana NEABI visitam comunidade tradicional de matriz africana Ilê Axé Kajá D'Omin

As apresentações artísticas promovidas pelo evento, por sua vez, foram uma excelente oportunidade para refletir o legado cultural das populações negras e indígenas na formação da sociedade brasileira. Entre as ações, na primeira noite todos/as foram convidados/as a integrarem uma grande roda em movimento mobilizada pelo Grupo Cultural Pataxó Tapurumã Uí Íkihã. Entre os cantos e orações, uma atmosfera de cumplicidade e interação foi estabelecida e enriqueceu de forma significativa as reflexões propostas na abertura do evento. Foi possível experienciar ainda as artes performáticas do corpo, com a intervenção “A trama que nos une” - de autoria da Profa. Mirna Kambeba Anaquiri e das estudantes Alice Pansiere, Wellen Pires e Karuandra de Almeida apresentadas ao público na segunda noite; no cenário musical, a MBIRA - instrumento musical africano, do Prof. Mestre Thon Nascimento fez a diferença chamando a atenção de todos/as em função das composições melodiosas e envolventes. O professor ministrou duas oficinas apresentando o instrumento ancestral moçambicano e propiciando aproximação técnica para tocá-lo, bem como, realizou intervenções musicais durante diferentes momentos da programação. Já na noite de encerramento do Ciclo a apresentação de SolHanna e Lúcio Solis mobilizou os/as participantes presentes no Centro de Cultura de Porto Seguro, onde foram realizadas as atividades finais da programação do evento.

A mesa ilustre de encerramento do evento contou com a exposição da Profa. Eliane Santos, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), acerca da Educação Quilombola e o ensino africano na diáspora brasileira. Em sua explanação, a professora discutiu a colonialidade do ser e do saber. A primeira, o colonialismo determinando os lugares onde devemos estar; a segunda, faz o domínio de saberes, das relações de poder e de dominação. De maneira provocativa, então, Profa. Eliane propôs um processo de descolonizar dos saberes por meio do combate ao racismo epistêmico, com ênfase numa educação antirracista que valorize outras bases epistêmicas e saberes.

Noite de encerramento do Ciclo Afropindorâmico no Centro de Cultura de Porto Seguro

Noite de encerramento do Ciclio Afropindorâmico no Centro de Cultura de Porto Seguro

Nesta linha, as trocas propostas pelo evento culminaram com a apresentação vigorosa do professor mestre Kamayurá Pataxó, que discutiu a Educação das relações étnico raciais e o ensino indígena e nos convidado à descaravelização das nossas práxis. Invisibilidade nos livros didáticos, identidades e línguas violadas, visão idílica sobre as pessoas indígenas, foram algumas das questões apontadas pelo docente que uma liderança indígena representativa no território Pataxó do extremo sul baiano, atua na educação básica e é egresso do PPGER-UFSB. Para ele, a mudança virá, quando forem priorizados o protagonismo da população indígena nos materiais didáticos e produções literárias e quando efetivamente deslanchar o combate aos estereótipos e preconceitos ainda presentes na formação docente.

Ao chamar para o encontro, a partilha e o envolvimento dos diversos pesquisadores/as negros/as, mas, não somente, da UFSB, envolvendo de forma ampliada toda a comunidade, o I Ciclo Afropindorâmico do NEABI expressou a marca do próprio núcleo, o aquilombamento, a articulação coletiva. Entre os/as participantes foi nítida a percepção de que estar presencialmente no Campus Sosígenes Costa, durante três dias, consistiu na possibilidade de ricas interações para futuras pesquisas e trabalhos conjuntos, bem como permitiu o fortalecimento de uma rede de atores/atrizes que vem atuando de maneira coletiva mas, em vários casos, ainda não tinha tido a oportunidade do encontro, do abraço, da aproximação que gera engajamento. O sentimento posto ao final do evento é de que o mesmo resultou em frutos de grande monta, uma vez que estudantes vindos tanto de Teixeira de Freitas (Campus Paulo Freire), quanto de Itabuna (Campus jorge Amado), além dos/as que estudam em Porto Seguro, puderam também aproximarem-se uns dos outros/as e do próprio NEABI, que já conta formalmente com novos/as em decorrência dessa experiência. A semente plantada e regada neste primeiro ciclo certamente germinará em projetos, iniciativas de investigação/extensão e em outras edições do evento.

Os coordenadores do eventos finalizam afirmando que, inspirado no provérbio africano, o I Ciclo Afroapindorâmico pôs em evidência que "'Se queremos ir rápido, até podemos ir sozinhos. Mas, para irmos longe, é fundamental seguirmos em grupo/ em coletivo'. O apoio e colaboração conjunta de todas/os NÓS, membras e membros do NEABI-UFSB, foi e é essencial este movimento de reoxigenação neste e em outros possívis fazeres!".

Ubuntu!

Adupè ! Awêry!

 

Imagens e outras sínteses do evento podem ser encontradas no perfil do NEABI no Instagram: @neabi.ufsb . Dúvidas, contatos e parcerias podem ser encaminhados para o e-mail do núcleo: neabi@ufsb.edu.br

Texto base: Profa. Célia Regina da Silva - CFAC/CSC/UFSB

Revisão e adaptação: Prof. Daniel Pinheiro - IHAC/CPF/UFSB e Profa. Rosiléia Santana - CFCHS/CSC/UFSB

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