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Professores da UFSB conduzem o almoço oficial que celebrou 10 anos da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta “Egídio Brunetto”

  • Publicado: Terça, 29 de Agosto de 2023, 12h01
  • Última atualização em Terça, 29 de Agosto de 2023, 17h20
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Biodiversidade, Saúde, Soberania, Segurança Alimentar e Saberes Populares são temas comuns às oficinas, vivências e palestras conduzidas pelos Professores Jomar Jardim e Jannaina Velasques, seja em nível local, regional ou nacional. Ambos são Professores da UFSB no Campus Jorge Amado - Centro de Formação em Ciências Agroflorestais. E, além da pesquisa, se dedicam a diferentes projetos de Extensão Universitária direcionados às comunidades tradicionais e agricultores familiares do sudeste da Bahia.

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Professores Jannaína, Jomar e Alessandra com a Diretoria Pedagógica e organizadora de evento comemorativo aos 10 anos da Escola Popular Egídio Brunetto

 

As oficinas denominadas “Comer o que tem” ou “O que tem para comer?” vêm sendo ministradas desde 2016 e o público tem sido variado, desde uma reunião entre amigos, a grupos de estudantes, assentamentos ou comunidades indígenas. Em todas, o objetivo é promover o resgate cultural e diversificação alimentar através da inclusão das Plantas Alimentícias Não Convencionais (as PANC) no cotidiano da população.  Desde março de 2023, em parceria com a Diretoria Pedagógica da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, em Prado - BA, um cronograma de ações e oficinas vem sendo realizado, visando a troca de saberes entre os agricultores e a instrução de merendeiras para a inserção das PANC na alimentação das escolas da Regional Extremo Sul do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A equipe de oficineiros é formada pelos Professores do CFCAf, pelo Técnico Agropecuário e parataxonomista do Instituto Arboretum, José Lima da Paixão, e pela “chef” e  Doutora em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial, Alessandra Bertoso Jardim, que lidera a equipe com diversificadas e deliciosas receitas, priorizando matérias primas da biodiversidade regional, geralmente negligenciadas  ou pouco utilizadas pela população em geral. São autores do livro de receitas: O que tem pra comer? Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Sul da Bahia: Cabruca, Cultura e Decolonialidade, disponível no link: https://ufsb.edu.br/cfcaf/extensao-cfcaf/publicacoes-tecnico-cientificas. O livro resume parte das experiências e conhecimentos dos pesquisadores Alessandra Jardim, Jomar Jardim e José Lima da Paixão que organizam as oficinas desde 2016 e já atingiram um público aproxima de mais 2.000 pessoas.

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Professores do CFCAf com a Deputada Gleisi Hoffman

 

No início de maio, enquanto treinava 30 merendeiras, que já passaram a incluir as PANC nas refeições escolares, a equipe recebeu o convite para conduzir o preparo do almoço oficial de inauguração do novo complexo de salas de aula e alojamentos que a Escola Egídio Brunetto programou em celebração ao seu aniversário de 10 anos. Um desafio e tanto para a equipe.

Almoço_4.jpgForam dias de preparativos e mise-em-place que contou com reforço potente das cozinheiras do MST. Para compor o cardápio, a prioridade foi produtos fornecidos por agricultoras(es) assentados, visando fortalecer suas atividades e renda extra a partir do aproveitamento e produção destes vegetais para a alimentação nas escolas do campo e da cidade. Entre os saborosos pratos preparados tiveram bolinhos de cansanção, godó de banana verde, moqueca de jaca, moqueca de palmito de dendê, empadão de taioba, feijão guandu, cansanção ao molho de queijo, farofa de talos de taioba, picadinho de carne seca com de raízes e rizomas não convencionais, entre outros quitutes que alegraram paladares dos convidados. Dentre as diversas autoridades, compareceram ao evento os Ministros Rui Costa e Paulo Teixeira, o Senador Jaques Wagner, o Governador da Bahia Jerônimo Rodrigues e esposa, Profª Tatiana Velloso, a Secretária da Educação Adélia Pinheiro, os Deputados Gleisi Hoffman e Valmir Assunção, prefeitos e vereadores da região e, reforçando o time, o ex-jogador de futebol Raí.

Finalizado o evento e sustentando a máxima da equipe de que uma mesa biodiversa garante soberania e segurança alimentar, a Diretoria da Escola e organizadora do evento informou que foram mais de 1.000 refeições com as PANC servidas, quando a proposta inicial era para 500 pessoas.Almoço 5

“Habituamos nosso paladar a depender da dinâmica do mercado, de forma que se tornou um problema político refletir a diversificação alimentar. Das plantas hoje catalogadas, temos uma média de 4.000 potencialmente cultiváveis. Dessas, ao redor do mundo, são cultivadas entre 20-100 espécies, mas restringimos nossa dieta significativamente em torno de 10”, pondera a Profª Jannaina, que é Engª Agrônoma de formação e também Coordenadora de Gestão da Extensão da UFSB. “Se afunilarmos esses dados e visarmos a faixa mais vulnerável da população brasileira, chegamos a três culturas: o arroz, o feijão e a mandioca presente na farinha, que garantem a ‘sustância’ da classe trabalhadora mas jamais sua nutrição, saúde e bem estar. Diversificar pela adição das PANC e promover o papel da biodiversidade para manutenção da segurança alimentar é pauta emergencial e a Universidade pública tem um papel formativo e fomentador nesse sentido”.

“Sabemos que as plantas que hoje chamamos de PANC, são conhecidas como comestíveis há muitos séculos, principalmente pelos povos originários. Porém, pouco utilizadas na alimentação humana, muitas delas foram e ainda são usadas apenas em momentos de privação alimentar. Logo, parte da recusa do uso na alimentação, se deve ao status atribuído a estes vegetais como sendo comida de pobre, ervas daninhas ou pragas, pois na maioria das vezes muitas são encontradas em áreas de regeneração, em terrenos baldios e calçadas, destaca a bióloga e botânica Alessandra Jardim. Para uma melhor aceitação das PANC na alimentação é necessário um trabalho que envolva a divulgação, identificação correta e instruções de novas formas de preparos acessíveis para toda a população, que poderia ser iniciada como Politica Pública nas escolas do campo e da cidade.”

 

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Dona Domingas, cozinheira do MST, Chef Alessandra Jardim e Profª Janna preparando a mesa para os convidados

 

 

Texto: PROEX

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