Comitê Emergencial divulga 36ª edição do Boletim do Observatório da Epidemia do novo coronavírus no Sul da Bahia
Na edição número 36 do boletim do Observatório de Epidemia do novo coronavírus no Sul da Bahia, a equipe responsável pelo documento analisa as informações sobre o contágio e recomenda medidas de prevenção para a comunidade da região de abrangência da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). As informações se referem ao período observado de 03 a 16 de abril de 2021.
-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:
Dos 855.871 casos e 17.134 óbitos confirmados na Bahia até 16/04/2021, 85.218 casos
ou 10,0% do total (Taxa de Ataque de 8.738,6 casos/100.000 habitantes) e 1.641 óbitos ou 9,6% do total (Coeficiente de Mortalidade Acumulada de 168,3 óbitos/100.000 habitantes e TL de 1,9%) eram de residentes em algum dos dez municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 3.602 casos (média de 257 casos/dia ou 26,4 casos/100.000 hab./dia) e 120 óbitos (média de 8,6 óbitos/dia ou 0,9 óbitos/100.000 habitantes/dia) nas duas últimas semanas.
O monitoramento dos municípios onde a UFSB tem Unidade Acadêmica e/ou Colégio Universitário permite observar redução no número de casos (-17,3%) e incremento no número de óbitos (8,1%) nas duas últimas semanas (03 a 16/04) na comparação com as duas semanas anteriores (20/03 a 02/04). Apenas Itamaraju (8,4%), Nova Viçosa (28,4%) e Teixeira de Freitas (8,9%) apresentaram aumento na incidência de casos; Eunápolis (8,3%), Itabuna (48,0%), Santa Cruz de Cabrália e Itamaraju (175,0%) apresentaram incremento de óbitos.
Quanto ao risco acumulado de se infectar pelo Novo Coronavírus no território de abrangência da UFSB, apenas Nova Viçosa (3.761,7 casos/100.000 habitantes) e Porto Seguro (4.840,8 casos/100.000 habitantes) apresentam Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (5.732,3 casos/100.000 habitantes). Os demais municípios apresentam risco de infecção muito superior à média nacional (6.537,5 casos/100.000 habitantes), com destaque para a Região Cacaueira – Itabuna (13.232,6 casos/100.000 habitantes), Ilhéus (10.261,2 casos/100.000 habitantes), Coaraci (9.771,0 casos/100.000 habitantes) e Ibicaraí (8.387,1 casos/100.000 habitantes). Nas duas últimas semanas (06 a 19/03/2021), o coeficiente médio de incidência nos municípios de Itamaraju (44,33 casos/100.000 habitantes/dia), Ilhéus (36,71 casos/100.000 habitantes/dia) e Eunápolis (34,34 casos/100.000 habitantes/dia) foi bem superior à média do Brasil (31,14 casos/100.000 habitantes/dia) e da Bahia (21,08 casos/100.000 habitantes/dia).
Quanto ao risco acumulado de morrer por Covid-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Ilhéus (253,9 óbitos/100.000 habitantes), Itabuna (243,8 óbitos/100.000 habitantes), Coaraci (241,7 óbitos/100.000 habitantes) e Ibicaraí (219,9 óbitos/100.000 habitantes) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) bem superiores à taxa nacional (174,4 óbitos/100.000 habitantes), enquanto Teixeira de Freitas (126,2 óbitos/100.000 habitantes), Itamaraju (122,6 óbitos/100.000 habitantes) e Eunápolis (118,0 óbitos/100.000 habitantes) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (114,8 óbitos/100.000 habitantes). Apenas Nova Viçosa, Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro apresentaram risco de morrer inferior à média estadual. Nas duas últimas semanas (03 a 16/04/2021), o coeficiente médio de mortalidade em Ilhéus (1,47 óbitos/100.000 habitantes/dia) foi superior à média do Brasil (1,37 óbitos/100.000 habitantes/dia), enquanto Itabuna (1,24 óbitos/100.000 habitantes/dia), Itamaraju (1,22 óbitos/100.000 habitantes/dia), Coaraci (0,86 óbitos/100.000 habitantes/dia) e Eunápolis (0,81 óbitos/100.000 habitantes/dia) apresentaram CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (0,73 óbitos/100.000 habitantes/dia).
Aumentou o risco de morrer entre os pacientes com COVID em todo o Brasil e na Bahia nas últimas semanas. No território de abrangência da UFSB, nenhum município apresenta Taxa de Letalidade (TL) igual ou superior à do Brasil (2,7%), enquanto apenas Ibicaraí (2,6%), Coaraci (2,5%), Ilhéus (2,5%), Nova Viçosa (2,0%) e Porto Seguro (2,1%) apresentam TL igual ou superior à média da Bahia (2,0%), mas inferior à do Brasil em 16/04/2021. Os demais municípios apresentam taxa de letalidade inferior à média estadual (2,0%). Destaque para a baixa letalidade observada em Santa Cruz de Cabrália (1,1%). Quanto à disponibilidade de leitos de UTIs, é evidente o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as regiões do país. Na Bahia, a Sesab informou 1.254 casos ativos da doença internados nos 1.574 leitos de UTI disponíveis no Estado (taxa de ocupação de 80,0%) em 16/04, sendo de 86,0% na Região Sul e de 93,0% no Extremo-Sul, seguindo na mesma média desde o início do mês graças à abertura de novos leitos pela Sesab, de modo que o número de leitos em 16/04 é superior ao registrado em 02/04.
Veja mais detalhes e os gráficos no boletim.
--> Recomendações para a região:
Ainda há grande pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Diante desse quadro, ressalta-se a necessidade de adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, mas também de ações para mitigar os impactos sociais da pandemia.
RECOMENDA-SE:
• AOS GOVERNOS: transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento; conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene das mãos e benefícios das medidas de distanciamento social; incentivar o uso de máscaras; preparar o SUS, com reforço de ações de atenção primária e vigilância em saúde, e estruturar redes de testagem; identificar precocemente os casos e fazer isolamentos localizados; implementar boas medidas de distanciamento, evitando lockdowns extensos (impacto econômico e psicológico); calibrar a suspensão dessas medidas; que se mantenha a Taxa de Ocupação de Leitos abaixo de 70%; e a intensificação da vacinação;
• AOS MÉDICOS: a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não indica tratamento farmacológico precoce para COVID-19 (nem cloroquina, nem hidroxicloroquina, nem ivermectina, nem azitromicina, nem nitazoxanida, nem corticoide, nem zinco, nem vitaminas, nem anticoagulante, nem ozônio por via retal, nem dióxido de cloro), apenas medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos (paracetamol e/ou dipirona);
• A TODOS OS INDIVÍDUOS: uso de máscara; distanciamento físico de 1,5m ou 1,8m; higienização das mãos; não participar de aglomeração; manter ambientes ventilados/arejados; paciente com sintomas “gripais” deve ficar em isolamento e colher PCR nasal.
--> Orientações para prevenção:
A equipe do Observatório destaca o início da campanha nacional de vacinação contra a gripe em 12 de abril de 2021, com a administração da vacina influenza trivalente. A campanha será finalizada na data 09 de julho de 2021. Espera-se, com isso, que os grupos em maior situação de vulnerabilidade sejam protegidos no que se refere às complicações e óbitos causados pela doença, que, assim como a COVID-19, pode causar uma síndrome respiratória aguda grave.
Anualmente, espera-se o aumento do número de casos de influenza, sobretudo nos meses mais frios. Frequentemente, a influenza é uma doença que acomete a população idosa e pessoas com doenças crônicas, podendo ter alta morbimortalidade. A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 coincide com o período de aumento do número de casos de influenza, entretanto, apesar da coinfecção entre as duas doenças ser rara, evidenciou-se que pacientes coinfectados com ambos os vírus têm 2,4 vezes mais probabilidade de morrer do que aqueles infectados por apenas um desses vírus (LACOBUCCI, 2020; REINA, 2021). Dessa forma, salienta-se a importância de que o público-alvo da campanha de vacinação compareça às unidades de saúde.
O Ministério da Saúde menciona que os grupos prioritários para a vacinação contra a gripe são:
Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
Gestantes e puérperas;
Povos indígenas;
Trabalhadores da saúde;
Idosos com 60 anos ou mais;
Professores do ensino básico e superior;
Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais;
Pessoas com deficiência permanente;
Forças de segurança e salvamento e Forças Armadas;
Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
Trabalhadores portuários;
Funcionários do sistema prisional;
Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;
População privada de liberdade.
Uma dúvida recorrente no que se refere à vacinação contra a COVID-19 e contra a influenza é quanto ao intervalo entre as doses e se há ou não algum prejuízo no organismo ao receber as vacinas, já que as duas campanhas estão sendo feitas simultaneamente. Diante disso, o Ministério da Saúde recomenda que:
A população alvo da vacinação contra gripe que ainda não recebeu doses contra a covid-19, deve receber antes a vacina covid-19 e fazer o agendamento da aplicação da vacina influenza, respeitando um intervalo mínimo de 14 dias entre elas.
A vacinação contra a gripe será realizada em mais de 50 mil postos espalhados pelo país. Por conta da pandemia da covid-19, o Ministério da Saúde tem divulgado aos estados e municípios medidas para garantir a imunização segura, reforçando a adoção de cuidados sanitários como uso de máscaras, respeito ao distanciamento social e higienização das mãos.
Não ter a caderneta de vacinação em mãos não é impeditivo para tomar as vacinas ofertadas em qualquer campanha de vacinação do Ministério da Saúde. A dica é procurar as unidades de saúde de referência para que os profissionais de saúde localizem o cadastro ou o histórico da pessoa no Sistema do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI).
A população que ainda não tiver sido pré-cadastrada no SIPNI ou em uma unidade de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) pode apresentar qualquer documento que comprove pertencer aos grupos de risco da campanha de vacinação contra a gripe, como exames, receitas, relatório médico, prescrições etc. A vacinação contra influenza reduz a ocorrência da doença, bem como seus sintomas, que podem ser confundidos com os da COVID-19. Dessa forma, com a vacinação, as formas graves da gripe serão evitadas, o acometimento da comunidade e, consequentemente, as internações hospitalares (LACOBUCCI, 2020; REINA, 2021).
Documento relacionado
Boletim nº 36 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (23/04/2021)
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