Comitê Emergencial divulga 35º Boletim da Epidemia do novo coronavírus no Sul da Bahia
O Comitê Emergencial da UFSB publicou a 35ª edição do boletim do Observatório de Epidemia do novo coronavírus no Sul da Bahia. Com informações e análises referentes ao período entre 06 e 19 de março de 2021, o documento atualiza informações sobre a pandemia de covid-19 no mundo, no Brasil e na área de abrangência da universidade: os municípios-sede e os que abrigam a Rede Anísio Teixeira de Colégios Universitários (CUNI) da UFSB: Coaraci, Eunápolis, Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, Itamaraju, Nova Viçosa, Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Teixeira de Freitas.
-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:
Em 19 de março de 2021, dos 762.616 casos e 13.885 óbitos confirmados na Bahia, 77.258 casos ou 10,1% do total (Taxa de Ataque de 7.944,9 casos/100.000 habitantes) e 1.410 óbitos ou 10,2% do total (Coeficiente de Mortalidade Acumulada de 145,0 óbitos/100.000 habitantes e TL de 1,8%) eram de residentes em algum dos dez municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 5.300 casos (média de 378,6 casos/dia ou 38,9 casos/100.000 hab./dia) e 100 óbitos (média de 7,1 óbitos/dia ou 0,73 óbitos/100.000 habitantes/dia) nas duas últimas semanas em relação às duas anteriores. Diferentemente do observado no país, o monitoramento da epidemia no conjunto dos municípios onde a UFSB tem Unidade Acadêmica e/ou Colégio Universitário permite observar redução no número de casos novos (-27,8%) e no número de óbitos (-21,9%) nas duas últimas semanas (06 a 19/03) na comparação com as duas semanas anteriores (20/02 a 05/03). Apenas Itamaraju (19,7%) e Eunápolis (0,7%) apresentaram variação positiva na incidência de casos e somente Ilhéus apresentou incremento (17,2%) no número de óbitos (Figura 6).
Quanto ao risco de se infectar pelo Novo Coronavírus no território de abrangência da UFSB, apenas Nova Viçosa (3.333,6 casos/100.000 habitantes) e Porto Seguro (4.513,5 casos/100.000 habitantes) apresentam Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (5.127,5 casos/100.000 habitantes). Os demais municípios apresentam risco de infecção muito superior à taxa nacional (5.622,4 casos/100.000 habitantes), com destaque para a Região Cacaueira – Itabuna (12.285,7 casos/100.000 habitantes), Ilhéus (9.006,5/100.000 habitantes), Coaraci (8.697,7 casos/100.000 habitantes) e Ibicaraí (7.510,7 casos/100.000 habitantes). No Extremo Sul, o município de Teixeira de Freitas (7.378,2 casos/100.000 habitantes) é o destaque. Nas duas últimas semanas (06 a 19/03/2021), o coeficiente médio de incidência nos municípios de Itabuna (65,89 casos/100.000 habitantes/dia), Eunápolis (57,77 casos/100.000 habitantes/dia) e Ilhéus (42,51 casos/100.000 habitantes/dia) foi bem superior à média do Brasil (34,02 casos/100.000 habitantes/dia) e da Bahia (27,01 casos/100.000 habitantes/dia), indicando uma alta Taxa de Reprodução Efetiva (Rt) do Novo Coronavírus nesses municípios.
Quanto ao risco de morrer por Covid-19 (Tabela 1 e Figura 8), os quatro municípios da Região Cacaueira – Itabuna (215,3 óbitos/100.000 habitantes), Ilhéus (209,5 óbitos/100.000 habitantes), Ibicaraí (207,5 óbitos/100.000 habitantes) e Coaraci (206,0 óbitos/100.000 habitantes) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) bem superiores à taxa nacional (137,5 óbitos/100.000 habitantes), enquanto Teixeira de Freitas (109,7 óbitos/100.000 habitantes), Itamaraju (99,2 óbitos/100.000 habitantes) e Eunápolis (97,0 óbitos/100.000 habitantes) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (93,4 óbitos/100.000 habitantes). Apenas Nova Viçosa, Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro apresentaram risco de morrer inferior à média estadual. Nas duas últimas semanas (06 a 19/03/2021), o coeficiente médio de mortalidade em Ilhéus (1,50 óbitos/100.000 habitantes/dia), Ibicaraí (0,99 óbitos/100.000 habitantes/dia) e Itabuna (0,94 óbitos/100.000 habitantes/dia) foi superior à média do Brasil (0,93 óbitos/100.000 habitantes/dia) e da Bahia (0,73 óbitos/100.000 habitantes/dia).
Quanto ao risco de morrer entre os casos de COVID (Tabela 1 e Figura 9), apenas Ibicaraí (2,8%) e Coaraci (2,4%) apresentam Taxa de Letalidade (TL) igual ou superior à do Brasil (2,4%), enquanto Ilhéus (2,3%), Nova Viçosa (2,0%), Porto Seguro (2,0%) e Itabuna (1,8%) apresentam TL igual ou superior à média da Bahia (1,8%), mas inferior à do Brasil em 19/03/2021. Os demais municípios apresentam taxa de letalidade inferior à média estadual (1,7%). Destaque para a baixa letalidade observada em Santa Cruz de Cabrália (1,1%).
Quanto à disponibilidade de leitos de UTIs, é evidente o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as regiões do país. Na Bahia, a Sesab informou 1.164 casos ativos da doença internados nos 1.372 leitos de UTI disponíveis no Estado (taxa de ocupação de 85,0%) em 19/03, sendo de 87,0% na Região Sul e de 78,0% no Extremo-Sul (Figura 10). Ressalte-se que novos leitos têm sido abertos pela Sesab e que o número de leitos em 19/03 é superior ao registrado em 05/03.
Veja mais detalhes e os gráficos no boletim.
--> Recomendações para a região:
O pior cenário previsto se instalou: os casos e óbitos continuam aumentando, há grande pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e, simultaneamente, crise social. Diante desse quadro, ressalta-se a necessidade de adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, mas também de ações para mitigar os impactos sociais da pandemia.
RECOMENDA-SE:
• AOS GOVERNOS: transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento; conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene das mãos e benefícios das medidas de distanciamento social; incentivar o uso de máscaras; preparar o SUS, com reforço de ações de atenção primária e vigilância em saúde, e estruturar redes de testagem; identificar precocemente os casos e fazer isolamentos localizados; implementar boas medidas de distanciamento, evitando lockdowns extensos (impacto econômico e psicológico); calibrar a suspensão dessas medidas; que se mantenha a Taxa de Ocupação de Leitos abaixo de 70%; e a intensificação da vacinação.
• AOS MÉDICOS: a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não indica tratamento farmacológico precoce para COVID-19 (nem cloroquina, nem hidroxicloroquina, nem ivermectina, nem azitromicina, nem nitazoxanida, nem corticoide, nem zinco, nem vitaminas, nem anticoagulante, nem ozônio por via retal, nem dióxido de cloro), apenas medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos (paracetamol e/ou dipirona);
• A TODOS OS INDIVÍDUOS: uso de máscara; distanciamento físico de 1,5m ou 1,8m; higienização das mãos; não participar de aglomeração; manter ambientes ventilados/arejados; paciente com sintomas “gripais” deve ficar em isolamento e colher PCR nasal.
--> Orientações para prevenção:
Na última terça-feira, dia 22, a Associação Médica Brasileira (AMB) publicou carta alertando quanto a necessidade de banir a utilização de medicamentos que não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento e/ou prevenção da Covid-19. Isso porque, nos últimos meses, o “tratamento precoce” para prevenir ou combater formas graves da Covid-19, se popularizou no Brasil. Chamado de “kit covid”, muitas pessoas e até profissionais médicos têm defendido o uso de medicamentos sem eficácia comprovada de ação contra a doença, sob a alegação de que “mal também não faz”. Entretanto, especialistas têm identificado efeitos colaterais resultantes do uso indiscriminado dessas drogas. Recentemente, o nefrologista Valmir Crestani Filho, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, revelou que atendeu pacientes sem histórico de doenças crônicas e que, após utilizarem medicamentos do “kit covid” apresentaram hemorragias e insuficiência renal ligadas direta ou indiretamente ao “tratamento”.
Outra matéria publicada pelo mesmo jornal, descreve oito pacientes atendidos recentemente pelos Hospitais das Clínicas da USP e Universidade de Campinas (Unicamp) com o diagnóstico de hepatite medicamentosa. Cinco ficaram com o fígado tão comprometido que estão na fila para recebimento de transplante do órgão. Os outros três evoluíram para óbito. Todos tiveram Covid-19 antes dos sintomas da hepatite e fizeram uso de ivermectina associada a antibióticos. Os especialistas explicaram que, nesses casos, as complicações não foram consequências do vírus, pois o padrão apresentado pelos pacientes caracteriza lesões hepáticas causadas por medicamentos.
Além da eficiência não comprovada e dos possíveis efeitos colaterais, algumas das pessoas que utilizam as drogas do “Kit Covid” e são infectadas pelo vírus acreditam que estão protegidas de desenvolver um quadro mais grave da doença e, por isso, podem demorar a procurar assistência, sendo hospitalizadas em estado muito grave, com pulmões já muito comprometidos.
Entre os remédios indicados indevidamente, a AMB cita: a hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida e colchicina e reforça que para adequada prevenção da Covid-19, o país precisa acelerar a vacinação e todas as pessoas devem seguir à risca as ações de prevenção conhecidas: manter o distanciamento social, usar máscaras corretamente, higienizar as mãos com água, sabão e álcool a 70º.
Documento relacionado
Boletim nº 35 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (31/03/2021)
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