Comitê Emergencial divulgou a 31ª edição do boletim sobre covid-19 no Sul da Bahia
O Comitê Emergencial de Crise da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) publicou a 31ª edição do Boletim do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia, na qual apresenta análises do período compreendido entre 03 e 16 de outubro de 2020. Desde a segunda edição especial, a equipe responsável pelo boletim ajustou a periodicidade de semanal para quinzenal, ampliando o recorte temporal sobre o cenário da pandemia de covid-19 no Sul e no Extremo Sul do estado da Bahia. Confira os destaques da edição:
-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:
Em 27/11, do total de 394.300 casos e 8.207 óbitos confirmados na Bahia, 43.061 (10,9% do total) e 988 óbitos (12,3% do total) eram de residentes nos dez municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 1.866 casos e de 32 óbitos em relação ao acumulado (41.195 casos e 956 óbitos) em 13/11.
O monitoramento da epidemia permite observar incremento de 31,0% no número de casos e de 14,3% na ocorrência de óbitos nas duas últimas semanas em relação às duas semanas anteriores, mas se nos guiarmos pela média móvel de duas semanas, é possível observar incremento de casos e estabilidade na ocorrência de óbitos por COVID-19 no conjunto dos dez municípios.
Nas duas últimas semanas, os municípios de Eunápolis, Ibicaraí e Ilhéus apresentaram variação positiva da incidência se comparadas às duas semanas anteriores. Também se nos guiarmos pela média móvel de duas semanas (pontilhado preto), observa-se variação positiva da incidência de casos de COVID-19 nesses três municípios.
Quanto à ocorrência de óbitos, os municípios de Ibicaraí, Itamaraju e Porto Seguro apresentaram variação positiva no período. Quanto ao risco de se infectar pelo Novo Coronavírus no território de abrangência da UFSB, apenas Nova Viçosa (1.832,8 casos/100 mil hab.) e Porto Seguro (2.531,5 casos/100 mil hab.) apresentam Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (2.651,1 casos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentam risco de infecção muito superior à taxa nacional (2.954,5 casos/100 mil hab.), com destaque para a Região Cacaueira: Itabuna (6.848,2/100 mil hab.), Coaraci (5.655,3/100 mil hab.), Ibicaraí (4.716,7/100 mil hab.) e Ilhéus (4.688,7/100mil hab.).
Quanto ao risco de morte por COVID-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Itabuna (166,0 óbitos/100 mil hab.), Coaraci (164,8/100 mil hab.), Ibicaraí (161,4 óbitos/100 mil hab.) e Ilhéus (157,1 óbitos/100 mil hab.) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) bem superiores à taxa nacional (81,4 óbitos/100 mil hab.), enquanto Eunápolis (66,1/100 mil hab.) e Teixeira de Freitas (63,6/100 mil hab.) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (55,2 óbitos/100 mil hab.). Os demais apresentaram risco de morrer inferior à média estadual.
Quanto ao risco de morrer entre os casos de COVID, apenas Ilhéus (3,4%), Ibicaraí (3,4%) e Coaraci (2,9%) apresentaram Taxa de Letalidade (TL) superior à do Brasil (2,8%), enquanto Itabuna (2,4%) apresenta Taxa de Letalidade superior à média da Bahia (2,1%), mas inferior à do Brasil em 27/11. Os demais municípios apresentaram taxa de letalidade igual (Nova Viçosa) ou inferior à média estadual. Destaque para a baixa letalidade observada em Itamaraju (1,3%), Santa Cruz de Cabrália (1,2%) e Teixeira de Freitas (1,5%). A Taxa de Letalidade (TL) pode variar em razão da capacidade de testagem (quanto mais exames, mais diagnósticos de casos leves e assintomáticos e menor TL), a demografia (quanto mais idosa a população, maior o risco de morte pela Covid-19) e condições de acesso à saúde da população (particularmente em relação aos casos críticos, que exigem manejo clínico em UTI e ventilação mecânica).
Quanto à disponibilidade de leitos de UTI e taxa de ocupação, não há informação clara sobre o número de leitos de UTI COVID-19 no território nacional. A SESAB informou no dia 27/11 que 556 (65,0%) dos 861 leitos de UTI existentes no Estado estavam ocupados, sendo a
taxa de ocupação de 65,0% no caso de leitos adultos e 60,0% no caso de leitos pediátricos, mas ressalte-se que leitos têm sido reabertos pela SESAB. Informou-se uma Taxa de Ocupação de 68,0% na Região Sul e de 80,0% no Extremo-Sul. O recomendado é que se mantenha abaixo de 70% para que se possa flexibilizar as medidas de isolamento social.
Veja mais detalhes e gráficos sobre o período observado no boletim.
-->Recomendações para a região:
É irrelevante se a alta de casos observada nas últimas semanas está relacionada a uma “segunda onda” ou se é recrudescimento da “primeira onda”. O país deve se preparar para o pior cenário pois, seja uma coisa ou outra, sua intensidade e duração dependerão da nossa capacidade de aplicar medidas de intervenção e controle adequadas de forma oportuna. Se os casos continuarem aumentando, haverá grande pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) em um momento em que leitos públicos e privados destinados à Covid estão sendo desativados em todo o país. Sendo razoável supor que, na melhor das hipóteses, uma vacina contra a COVID-19 só estará disponível à população em meados de 2021, recomenda-se:
• AOS GOVERNOS: transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento à população; conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene das mãos e benefícios das medidas de distanciamento social (de evitar aglomerações); incentivar o uso de máscaras; preparar o SUS para a “segunda onda” e estruturar redes de testagem; identificar precocemente os casos e fazer isolamentos localizados; implementar boas medidas de distanciamento, evitando lockdowns extensos (pelo impacto econômico e psicológico); e calibrar cuidadosamente a suspensão dessas medidas.
• A TODOS OS INDIVÍDUOS: a manutenção das medidas de higiene, do auto-isolamento domiciliar e a utilização de máscaras faciais (caseiras) sempre que precisar sair de casa.
--> Orientações para prevenção:
Nesta edição, a análise da equipe do Observatório se volta para o Dezembro Vermelho, dedicado à prevenção e conscientização sobre a AIDS. As recomendações aos governos indicam a continuidade dos serviços relacionados à população, o que inclui: a dispensação de preservativos, promoção de ações para redução de danos, cuidados para profilaxia e oferta de testagem de HIV. Outra importante estratégia é a dispensação dos medicamentos contra o HIV, para, pelo menos, três meses de tratamento. Tal ação contribui para que as PVHIV continuem utilizando os ARVs de forma regular e reduz a necessidade de deslocamento aos serviços.
A pandemia por COVID-19 tem dificultado não apenas o tratamento das pessoas que convivem com HIV, mas também, as ações de promoção da saúde e prevenção da doença. As campanhas educativas sobre HIV/Aids precisam continuar. É nesse contexto, que reforçamos a necessidade de falar sobre o tema e da responsabilidade social compartilhada e ampliada.
Veja o texto completo no boletim.
Documento relacionado
Boletim nº 31 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (04/12/2020)
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