Comitê divulga trigésima edição de boletim sobre o novo coronavírus no Sul da Bahia
O Comitê Emergencial de Crise da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) publicou a 30ª edição do Boletim do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia. A edição abrange dados do período compreendido entre 31 de outubro e 13 de novembro de 2020, com dados do cenário da pandemia de covid-19 nas regiões Sul e Extremo Sul da Bahia. Confira os destaques da edição:
-->Análise do panorama semanal nos municípios do Sul e Extremo Sul:
No estado da Bahia, o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado em Feira de Santana em 06/03. De lá para cá, a Secretaria de Estado da Saúde (SESAB) confirmou 371.378 casos (Taxa de Ataque de 2.498,0 casos/100 mil hab.) em 100% dos 417 municípios –, um incremento de 18.678 casos em relação ao acumulado (352.700 casos) em 30/10 -, incluindo 4.291 casos que aguardavam validação dos municípios –, e 7.902 óbitos (CM de 53,1 óbitos/100 mil hab. e TL de 2,1%), o que corresponde a um incremento de 302 óbitos em relação ao acumulado em 30/10 (7.600 óbitos). Entretanto, a incidência na Bahia pode ser maior na medida em que 88.861 casos permaneciam em investigação nessa data.
Não se pode considerar a epidemia na Bahia controlada com incidência de 9,8 casos/dia/100 mil hab. e o monitoramento da epidemia permite observar incremento de 21,4% no número de casos e redução de apenas -3,9% na ocorrência de óbitos na última semana em relação à semana anterior. Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se estabilidade de casos e óbitos (em patamar elevado). Em 13/11, do total de 371.378 casos e 7.902 óbitos confirmados na Bahia, 41.195 (11,1% do total) e 956 óbitos (12,2% do total) eram de residentes nos municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 1.404 casos e de 28 óbitos em relação ao acumulado (39.771 casos e 928 óbitos) em 30/10.
O monitoramento da epidemia permite observar incremento de 203,4% no número de casos e de 33,3% na ocorrência de óbitos na última semana em relação à semana anterior. Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se apenas pequeno incremento de casos e, ainda, pequena redução de óbitos por COVID-19 no conjunto dos dez municípios.
Na última semana, todos os dez municípios apresentaram variação positiva da incidência. Também se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas (pontilhado preto), observa-se variação positiva da incidência de casos de COVID-19 nos dez municípios. Quanto à ocorrência de óbitos, à exceção de Ilhéus, Itabuna e Teixeira de Freitas, todos os demais municípios apresentaram estabilidade ou variação negativa no período.
Quanto ao risco de adoecer por COVID-19, apenas Nova Viçosa (1.756,7 casos/100 mil hab.) e Porto Seguro (2.434,7casos/100 mil hab.) apresentam Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (2.498,0 casos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentam risco de infecção bem superior à taxa nacional (2.750,8 casos/100 mil hab.), com destaque para a Região Cacaueira: Itabuna (6.702,4/100 mil hab.), Coaraci (5.508,2/100 mil hab.), Ilhéus (4.497,1/100 mil hab.) e Ibicaraí (4.324,8/100 mil hab.). Quanto ao risco de morrer por COVID-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Itabuna (161,8 óbitos/100 mil hab.), Ilhéus (156,5 óbitos/100 mil hab.), Coaraci (153,0/100 mil hab.) e Ibicaraí (138,3 óbitos/100 mil hab.) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) bem superiores à taxa nacional (78,0 óbitos/100 mil hab.), enquanto Eunápolis (64,4/100 mil hab.) e Teixeira de Freitas (62,9/100 mil hab.) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (53,1 óbitos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentaram risco de morrer inferior à média estadual.
Quanto ao risco de morrer entre os casos de COVID, apenas Ilhéus (3,5%) e Ibicaraí (3,2%) apresentaram Taxa de Letalidade (TL) superior à do Brasil (2,8%), enquanto Coaraci (2,8%), Itabuna (2,4%) e Nova Viçosa (2,2%) apresenta Taxa de Letalidade superior à média da Bahia (2,1%), mas inferior ou semelhante à do Brasil em 13/11. Os demais municípios apresentaram taxa de letalidade igual (Eunápolis) ou inferior à média estadual. Destaque para a baixa letalidade observada em Itamaraju (1,2%) e Santa Cruz de Cabrália (1,1%).
A Taxa de Letalidade (TL) pode variar em razão da capacidade de testagem (quanto mais exames, mais diagnósticos de casos leves e assintomáticos e menor TL), a demografia (quanto mais idosa a população, maior o risco de morte pela Covid-19) e condições de acesso à saúde da população (particularmente em relação aos casos críticos, que exigem manejo clínico em UTI e ventilação mecânica). A TL do território analisado foi estimada em 2,3%.
Quanto à disponibilidade de leitos de UTI e taxa de ocupação, não há informação clara sobre o número de leitos de UTI COVID-19 no território nacional. A SESAB informou no dia 13/11 que 458 (54,0%) dos 853 leitos de UTI existentes no Estado estavam ocupados, sendo a
taxa de ocupação de 53,0% no caso de leitos adultos e 60,0% no caso de leitos pediátricos, mas ressalte-se que leitos têm sido fechados pela SESAB. Informou-se uma Taxa de Ocupação de 53,0% na Região Sul e de 33,0% no Extremo-Sul. O recomendado é que se mantenha abaixo de 70% para que se possa flexibilizar as medidas de isolamento social.
Veja mais detalhes e gráficos sobre o período observado no boletim.
-->Recomendações para a região:
Não é possível ter certeza se a alta de casos observada na última semana está relacionada a uma “segunda onda” ou se decorre de falha no sistema do Ministério da Saúde, que afetou normalização dos dados em todo o Brasil, mas pode ser um indício de que vamos emendar uma onda com a outra (de modo semelhante ao observado no Oriente Médio). É evidente um maior relaxamento das pessoas em relação às medidas de proteção e distanciamento, com ida a bares, praias e aglomerações desde o feriado de 7 de setembro, especialmente durante o período de eleições municipais.
O país deve se preparar para o pior cenário pois, quando a “segunda onda” ocorrer, sua intensidade e gravidade dependerão da nossa capacidade de aplicar medidas de intervenção e controle de forma oportuna e adequada. Se os casos continuarem aumentando, haverá grande pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) em um momento em que os leitos públicos e privados destinados à COVID estão sendo desativados em todo o país.
Sendo razoável supor que, na melhor das hipóteses, uma vacina contra a COVID-19 só estará disponível à população em meados de 2021, recomenda-se:
• AOS GOVERNOS: transparência na divulgação das informações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento à população; conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene das mãos e benefícios das medidas de distanciamento social (de evitar aglomerações); incentivar o uso de máscaras; preparar o SUS para a “segunda onda” e estruturar redes de testagem; identificar precocemente os casos e fazer isolamentos localizados; implementar boas medidas de distanciamento, evitando lockdowns extensos (pelo impacto econômico e psicológico); e calibrar cuidadosamente a suspensão dessas medidas.
• A TODOS OS INDIVÍDUOS: a manutenção das medidas de higiene, do auto-isolamento domiciliar e a utilização de máscaras faciais (caseiras) sempre que sair de casa.
--> Orientações para prevenção:
O dia 14 de novembro é marcado como Dia Mundial de Conscientização sobre o Diabetes. Em todo o mundo, diversas mobilizações têm sido feitas ao longo do mês de novembro para chamar atenção sobre o assunto. Nos países do continente americano, estima-se que mais de 60 milhões de pessoas sejam diabéticas.
Diante dessa realidade, recentemente, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) publicou nota sinalizando a necessidade de maior controle sobre a doença, a fim de prevenir complicações, incluindo as associadas a COVID-19. Isso porque, devido a pandemia, milhões de pessoas tiveram suas rotinas modificadas e deixaram de comparecer a serviços de saúde para realização de exames e monitoramento de doenças. Pesquisa recente publicada pela OPAS/OMS sinalizou que mais da metade dos países americanos interromperam serviços de atenção a pessoa com diabetes durante a pandemia de COVID-19. Portanto, é provável que muitas pessoas não estejam recebendo medicações ou não tenham tido acesso adequado aos serviços para controle da doença.
Outra pesquisa, realizada com 1701 pacientes brasileiros diabéticos, entre 22 de abril e 4 maio, publicada no periódico Diabetes Research and Clinical Practice, revelou que 59% dos participantes sinalizaram variações nos índices glicêmicos durante a quarentena; 59,5% reduziram a prática de atividades físicas e 30% alteraram hábitos alimentares para pior. Além disso, 38% desmarcaram consultas ou exames e 40% não retornaram a consultas médicas de acompanhamento desde o início da pandemia (BARONE et al., 2020).
Esses dados são preocupantes, uma vez que pessoas diabéticas não monitoradas correm maior risco de desenvolverem complicações crônicas comuns a doença, como problemas cardiovasculares, renais ou oftalmológicas, além de adoecerem gravemente caso sejam infectadas pelo novo coronavírus. Sendo assim, a OPAS orienta que as pessoas com diabetes continuem tendo acesso a serviços de acompanhamento e tratamento mesmo em meio a pandemia. Isso pode envolver a necessidade de assistência em ambientes não tradicionais e a utilização de tecnologias digitais de saúde, por exemplo. A diretora da OPAS, Carissa F. Etienne destaca que: “Embora muitos possam ter medo de visitar uma clínica, agora não é o momento de pular as visitas de monitoramento do diabetes.”
Nessa missão é importante, ainda, o engajamento dos profissionais de saúde para a realização de campanhas que destaquem os riscos envolvidos na ausência de monitoramento da doença e a necessidade de manutenção dos cuidados que envolvem hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada, especialmente durante a pandemia.
Veja o texto completo no boletim.
Documento relacionado
Boletim nº 30 do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (19/11/2020)
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