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Edição especial do Observatório da Epidemia analisa situação após marca de um milhão de mortes por covid-19

  • Publicado: Quarta, 07 de Outubro de 2020, 16h02
  • Última atualização em Quarta, 07 de Outubro de 2020, 16h03
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capa boletim CEC 5 out 2020A equipe do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia, composta por integrantes do Comitê Emergencial de Crise da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), divulgou uma edição especial do boletim semanal. O documento apresenta um breve histórico do início da pandemia e analisa os desenvolvimentos da crise sanitária, após o marco simbólico de um milhão de mortes no planeta ter sido ultrapassado no dia 29 de setembro de 2020.

Por esse motivo, a seção de análise do panorama foi expandida, considerando a abrangência geográfica e temporal necessária para dar conta desses nove meses de crise. Em especial, além da atualização do monitoramento do contágio nos continentes, o boletim também recupera o histórico da pandemia no Brasil, na Bahia e reúne mais dados sobre os primeiros casos no sul da Bahia, foco principal do trabalho da equipe do Observatório.

Em relação à situação observada no período de 25 de setembro a 02 de outubro, o boletim atualiza as seguintes informações: 

Em 02/10, do total de 313.404 casos e 6.844 óbitos confirmados na Bahia, 36.184 (11,5% do total) e 847 óbitos (12,4% do total) eram de residentes nos municípios onde a UFSB tem unidade acadêmica e/ou colégio universitário, o que corresponde a um incremento de 3,9% em relação ao acumulado de casos (34.831 casos) e de 8,2% em relação ao acumulado de óbitos na semana anterior (783 óbitos). Observa-se, portanto, redução na ocorrência de casos, mas aumento na ocorrência de óbitos (repetindo o gráfico baiano).

No intervalo de 25/09 a 02//10, apenas Itabuna (-48,7%), Porto Seguro (-17,9%) e Teixeira de Freitas (-10,2%) apresentaram variação negativa da incidência (número de casos ocorridos na semana de 26/09 a 02/10 menor do que na semana de 19-25/09); os demais apresentaram variação positiva, mas a variação média foi negativa em -11,9%. Merece destaque o aumento observado em Ibicaraí (58,1%), Eunápolis (56,2%), Itamaraju (57,1%), Ilhéus (44,3%) e Santa Cruz de Cabrália (40,6%). Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, observa-se pequena redução de casos de COVID-19 nesses municípios.

Quanto à ocorrência de óbitos, Coaraci (-66,7%), Porto Seguro (-83,3%), Nova Viçosa (-50,0%) e Teixeira de Freitas (-25,0%) apresentaram variação negativa na semana de 26/09 a 02/10 na comparação com a semana de 19 a 25/09, enquanto os demais municípios apresentaram variação nula (Ibicaraí e Santa Cruz Cabrália) ou positiva, com aumento médio de 48,8% no número de óbitos, com destaque para o aumento observado em Eunápolis (de 0 para 11), Ilhéus (366,7%) e Itabuna (38,1%). Se nos guiarmos pela média móvel de 2 semanas, entretanto, observa-se pequena redução no número de óbitos.

Quanto ao risco de adoecer por COVID-19, apenas Nova Viçosa (1.503,1 casos/100 mil hab.) apresenta Taxa de Ataque (TA) inferior à média estadual (2.107,2 casos/100 mil hab.), enquanto Porto Seguro (2.158,9/100 mil hab.) apresenta TA superior à média estadual, mas inferior à nacional (2.311,3 casos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentam risco de infecção superior à taxa nacional, com destaque negativo para a Região Cacaueira: Itabuna (6.070,6/100 mil hab.), Ilhéus (4.188,5/100 mil hab.), Coaraci (3.689,8/100 mil hab.) e Ibicaraí (3.688,5/100 mil hab.). A Taxa de Ataque no território analisado foi estimada em 3.721,0 casos/100 mil hab.

Quanto ao risco de morrer por COVID-19, os quatro municípios da Região Cacaueira – Ilhéus (144,8 óbitos/100 mil hab.), Itabuna (142,6 óbitos/100 mil hab.), Coaraci (117,7/100 mil hab.) e Ibicaraí (115,3 óbitos/100 mil hab.) – apresentam coeficientes de mortalidade (CM) superiores à taxa nacional (68,8 óbitos/100 mil hab.), enquanto Eunápolis (59,1/100 mil hab.) e Teixeira de Freitas (52,3/100 mil hab.) apresentam CM inferior à média nacional, mas superior à média estadual (46,0 óbitos/100 mil hab.). Os demais municípios apresentaram risco de morrer inferior à média estadual. O CM do território analisado foi estimado em 87,1 óbitos/100 mil hab.

Quanto ao risco de morrer entre os casos confirmados de COVID-19, apenas Ilhéus (3,5%), Coaraci (3,2%) e Ibicaraí (3,1%) apresentaram Taxa de Letalidade superior à do Brasil (3,0%), enquanto Itabuna (2,3%) apresenta Taxa de Letalidade superior à média da Bahia (2,2%), mas inferior à do Brasil em 02/10. Os demais municípios apresentaram taxa de letalidade igual (Eunápolis) ou inferior à média estadual. Destaque para a baixa letalidade observada em Itamaraju (1,3%) e Santa Cruz de Cabrália (1,4%). Trata-se de indicador que pode variar enormemente em razão da capacidade de testagem de cada localidade (quanto mais exames, mais diagnósticos de casos leves e assintomáticos e menor taxa de letalidade), a demografia (quanto mais idosa a população, maior o risco de morte pela Covid-19) e a diversidade de condições de acesso à saúde da população (particularmente em relação aos casos críticos, que exigem manejo clínico em UTI e ventilação mecânica).

Quanto à disponibilidade de leitos de UTI e à taxa de ocupação, não há informação clara sobre o número de leitos de UTI COVID-19 no território nacional. A SESAB informou no dia 02/10 que 523 (49,0%) dos 1.062 leitos de UTI existentes no Estado estavam ocupados, sendo de 49,0% no caso de leitos adultos e 60,0% no caso de leitos pediátricos. Informou-se uma Taxa de Ocupação de 69,0% na Região Sul e de 60,0% no Extremo-Sul (Gráfico 10, na página 18). O recomendado é que se mantenha abaixo de 70% para que se possa flexibilizar as medidas de isolamento social sem risco de desassistência, mas ressalte-se que novos leitos têm sido abertos pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.

Veja mais detalhes do período observado no boletim.

 

-->Recomendações para a região: 

O monitoramento da epidemia no Brasil permite observar nova pequena redução na in-cidência e da mortalidade na última semana em relação à anterior. No Estado da Bahia, observa-se nova redução no número de casos na última semana em relação à semana anterior, mas novo aumento na ocorrência de óbitos. Nos dez municípios do Sul e Extremo Sul da Bahia acompanhados por este Observatório, apenas Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas apresentaram variação negativa da incidência, merecendo destaque o aumento observado em Ibicaraí, Eunápolis, Itamaraju, Ilhéus e Santa Cruz de Cabrália. Quanto à ocorrência de óbitos, merece destaque o aumento observado em Eunápolis, Ilhéus e Itabuna. Sendo assim, ainda não se pode considerar a epidemia sob controle seja qual for o critério, menos exigente (até 5 casos novos/dia/100 mil hab.) ou mais exigente (não mais que 1 caso/dia/100 mil hab.).

Recomenda-se aos governos muito cuidado na flexibilização das medidas de redução de fluxo de pessoas e da oferta de leitos de UTI, e máxima transparência na divulgação das infor-mações relativas à epidemia e à capacidade do SUS de atendimento à população (número de leitos clínicos e de UTI para Covid-19 disponíveis e ocupados).

Recomenda-se aos médicos muita cautela na prescrição da cloroquina ou da hidroxicloroquina, tendo em vista o risco de efeitos colaterais graves (principalmente arritmia cardíaca) se em associação com um macrolídeo (azitromicina).
Recomenda-se a todos os indivíduos a manutenção das medidas de higiene, do auto-isolamento domiciliar e a utilização de máscaras faciais (caseiras) sempre que precisar sair de casa.

 

--> Orientações para prevenção: 

A equipe do Observatório destaca na edição a recente declaração do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) do governo dos Estados Unidos sobre a possibilidade de transmissão aérea do novo coronavírus. A Organização Mundial da Saúde já havia apresentado evidências dessa forma de contágio em julho. A seção do boletim apresenta os mais recentes dados sobre a discussão acerca da transmissão do novo coronavírus pelas vias aéreas e reforça alguns cuidados, como a ventilação adequada de ambientes e muita atenção com medidas específicas de prevenção para trabalhadores em alto risco.

Veja mais detalhes sobre as recomendações no boletim

 

Documento relacionado

Boletim Especial do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia (05/10/2020)

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