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Conferência final da Semana de Acolhimento tratou da carreira científica

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Segunda, 06 de Setembro de 2021, 14h40
  • Última atualização em Segunda, 06 de Setembro de 2021, 15h08
  • Acessos: 2004

A Semana de Acolhimento da Universidade Federal do Sul da Bahia concluiu sua programação com uma conferência sobre "Carreira Científica: desafios e oportunidades" com a biomédica, professora e doutora em Patologia Humana (UFBA/FIOCRUZ) Jaqueline Goes de Jesus, que coordena a equipe responsável pelo sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 no Brasil. A Semana de Acolhimento é evento anual que a UFSB realiza para receber os novos discentes e apresentar a eles a instituição. Devido às restrições provocadas pela pandemia de covid-19, todas as atividades da semana foram transmitidas por videoconferência e na plataforma Youtube. O vídeo da conferência de encerramento está acessível neste link.

Após apresentação pela reitora, professora Joana Angélica Guimarães da Luz, a pesquisadora sediada em Londres passou a expor a sua apresentação sobre o ingresso e o progresso na carreira científica. A primeira parte tratou de uma recuperação histórica da ciência e em seguida localizou a carreira científica nos moldes adotados pelo Brasil., como os degraus de formação em pesquisa, da graduação e iniciação científica até o pós-doutorado. Ela destacou aos discentes a relevância da iniciação científica como diferencial no começo da trajetória, e o que é produção científica.

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Para conectar essa apresentação, Jaqueline relatou a sua trajetória desde o ingresso no CEFET Bahia, instituição na qual desenvolveu pensamento crítico sobre a realidade brasileira. Devido à influência familiar, se decidiu pela área da Saúde, foi se interessando pela área da Biomedicina. Inicialmente pensando na atividade de análise clínica, aos poucos o seu foco foi mudando para a área de pesquisa, com uma iniciação científica na Fiocruz em Salvador. Ali Jaqueline começou um percurso de três anos de IC durante a graduação. Mestrado, doutorado e as respectivas mudanças de cidade, equipes e temas de estudos foram experiências que agregaram independência e impulsos para construir seu percurso profissional de cientista até o momento atual, em que atua na vigilância genômica e na patologia. Essa dedicação rendeu a ela a participação na pesquisa Zika in Brazil in Real-time Analisys (ZIBRA), que mapeou o genoma do zika vírus em um laboratório móvel. A participação na pesquisa levou Jaqueline a pesquisar os vírus emergentes, categorização que inclui os arbovírus e mesmo o novo coronavírus.

Ela mencionou que a carreira científica, e em especial no Brasil, demanda muita dedicação, em especial algumas renúncias. No entanto, em termos de produção, afirma a professora Jaqueline, essa escolha abriu portas para colaborações e a presente experiência no Reino Unido, para onde retornaria após a conclusão do doutorado. Outras conquistas foram as premiações acadêmicas para a tese, concluindo um ciclo de dez anos na Fiocruz, abrangendo toda a pós-graduação.

A pesquisa para o sequenciamento do genoma do novo coronavírus é outra consequência da dedicação, contou a pesquisadora, que atuou na investigação feita logo no começo da pandemia no Brasil. O estudo do pós-doutorado tratou da vigilância genômica do novo coronavírus trouxe atenção para ela e também para a divulgação de ciência e o combate à desinformação sobre a enfermidade pandêmica e a saúde. Ela acredita que esse destaque pode servir para abrir portas para tantas outras cientistas promissoras:

“Eu sei que existe um apelo pelo fato de ser uma mulher, cientista, negra, nordestina, brasileira que evocam uma série de representatividades que não estamos acostumados a ver, que eu espero que esteja abrindo portas para uma série de pesquisadoras serem reconhecidas pelos seus trabalhos, não apenas na área da saúde. E temos muitas pesquisadoras negras fazendo pesquisas importantíssimas no Brasil”. 

Hoje, vinculada ao Imperial College de Londres e à Universidade de Oxford, Jaqueline segue pesquisando e vivenciando a vida de cientista em outro país, Jaqueline concluiu ao citar que os aspirantes à carreira científica precisam prestar atenção ao preparo, para poder enfrentar desafios e aproveitar as oportunidades de sair da zona de conforto. “Colaboração em ciência é essencial para os estudos relevantes. Em ciência a gente não faz nada sozinho”, completa, destacando que hoje o mundo está a “um e-mail de distância” e estabelecer novos contatos profissionais é uma questão de conciliar estudo e persistência: “O não nós já temos”.

Em seguida, a professora Joana e a pesquisadora Jaqueline participaram de um bate-papo a partir dos comentários dos participantes da transmissão, que abordaram o cenário da ciência no país, aspectos da pesquisa em saúde, a fuga de cérebros para outros países e políticas de valorização da ciência e das mulheres nesse âmbito profissional.

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