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Reitora participa da abertura do evento Estudos sobre a Branquitude

  • Publicado: Quarta, 25 de Agosto de 2021, 11h02
  • Última atualização em Quarta, 25 de Agosto de 2021, 11h05
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Iniciou nesta terça-feira (24) a primeira edição do evento "Estudos sobre a Branquitude" da UFSB. O evento técnico-científico teve como painelistas na mesa de abertura a reitora da UFSB, professora Joana Angélica Guimarães da Luz e o professor Fábio Macedo Velame, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que conversaram sobre o tema "Universidade pública e o privilégio da branquitude". 
 
A reitora iniciou sua fala ressaltando a importância de um espaço para debater a branquitude e suas consequências, especialmente dentro da academia. "A ideia de "democracia racial", que nunca existiu, serviu para desmobilizar politicamente a comunidade negra, e isso facilitou a permanência das negras e dos negros em situação de subalternidade também dentro da universidade", afirmou. 
 

Estudos de branquitude 24ago2021

 
A professora também destacou a importância da Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012, que será revisada no próximo ano por ocasião de seus dez anos de existência), especialmente por possibilitar que a universidade se torne um espaço mais diversificado e se democratize. Segundo a professora, é preciso superar os estudos centrados no desempenho dos estudantes cotistas e buscar saber o que mudou na universidade com a chegada dessas pessoas. "É fundamental quando trazemos pessoas que têm suas narrativas, suas histórias e vivências na comunidade para dentro da universidade na perspectiva de que elas discutam esses assuntos", disse. 
 
A respeito dos desafios, a reitora também destacou a necessidade de se reconhecer as comunidades que durante muito tempo estiveram alijadas da academia (indígenas, negros, quilombolas, LGBTQI) também como construtoras da universidade. "O grande desafio é entendermos como essas comunidades contribuem para que a universidade saia desse lugar tão elitista que ela tem ocupado ao longo do tempo", destacou. 
 
De acordo com o professor Fábio, a branquitude sempre racializou os outros corpos, reservando-se o lugar de hegemonia e exercício do poder na sociedade ocidental. Em sua exposição, que apresentou a origem do pensamento racista na história, ele apontou o espaço ocupado pela branquitude nesse processo. "O racismo é uma peça fundamental e estruturante de todo o projeto colonial do século XV ao século XIX nas Américas", enfatizou. Segundo o professor, o "racismo à brasileira" é dissimulado, estrutura-se nos eufemismos da linguagem, no mito da democracia racial, na ideologia do branqueamento, no colorismo e no amalgamento com outras categorias sociais.
 
Sobre a branquitude na universidade, o professor ressaltou os aspectos históricos, estruturais, organizacionais e epistemológicos que constituíram a academia como espaço de manutenção do pacto narcísico e, principalmente, como legitimadora do espaço de protagonismo e prestígio da branquitude. Como exemplos da manutenção do colonialismo e da branquitude na universidade, destacou a presença dos currículos eurocentrados, a primazia da pesquisa como status de prestígio sócio-acadêmico, a desconexão com a realidade e problemas sociais (subalternidade da extensão) e a anulação ou o rebaixamento de outras formas de saberes e produção de conhecimento.
 
"Este espaço de reflexão é muito importante para que possamos avançar na desconstrução do racismo que se faz presente em nosso cotidiano e também na universidade", completou a reitora Joana Angélica Guimarães da Luz ao final do debate. "É fundamental discutir esse tema, é importante chamar a responsabilidade da população branca desse país, de seu lugar de privilégio e do seu papel e de sua posição de reprodução dessa lógica colonial-patriarcal-escravocrata e racial na sociedade brasileira", finalizou o professor Fábio Macedo Velame.  
 
A iniciativa é parte de um projeto de pesquisa-intervenção conduzido por Arthur Luhr Mello (Mestrado Profissional em Ensino e Relações Étnico-Raciais, UFSB). A mesa de abertura teve a mediação da estudante de Jornalismo da UFSB, Lia Valente. O evento e a mesa de abertura podem ser acompanhados na íntegra no canal Estudos da Branquitude - UFSB no YouTube
 
Confira as demais atividades que acontecerão durante a semana na programação do evento.
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