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Docente da UFSB recebe prêmio de festival internacional de cinema da Inglaterra

  • Publicado: Terça, 30 de Março de 2021, 14h45
  • Última atualização em Terça, 30 de Março de 2021, 15h28
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Anúncio de filme vencedor pelo RAIO curta-documentário Nova Iorque, mais uma cidade (veja aqui no Cinekurumin) (18 min, 2019), co-dirigido pela jornalista e cineasta baiana, professora do Instituto de Humanidades Artes e Ciências (IHAC) do Campus Paulo Freire, Joana Brandão Tavares, é o curta-documentário vencedor do Royal Anthropological Institute & Marsh Short Film de 2021, um dos prêmios concedidos no festival internacional do Royal Anthropological Institute, da Inglaterra, um dos mais importantes festivais de cinema etnográfico do mundo. A decisão foi conhecida no sábado (27/03).

O curta-documentário, gravado em 2018 quando a cineasta realizava período de doutorado sanduíche nos Estados Unidos, retrata a experiência da cineasta indígena brasileira Patrícia Ferreira Yxapy em Nova Iorque. Patrícia, que é mbya guarani, foi para Nova Iorque para participar de outro importante festival internacional de cinema, o Margaret Mead Film Festival, e durante alguns dias passeou pela cidade de Nova Iorque, tendo suas impressões e sentimentos registrados por Joana Brandão e André Lopes, antropólogo e cineasta paulista, que co-dirige o filme. As contradições da sociedade não-indígena, inclusive de seus museus e narrativas sobre os indígenas, vão sendo aos poucos expostas pelas palavras de Patrícia, e pelo seu olhar tranquilo e sóbrio dela sobre as paisagens de Nova Iorque, que é captado pelos cineastas.

A professora Joana Brandão comenta sobre as motivações para fazer o filme: “Nós percebemos que era importante registrar este olhar de Patrícia, uma cineasta e liderança do povo mbya guarani no sul do Brasil, sobre a cidade de Nova Iorque e sobre o Museu de História Natural, que tem toda uma seção voltada para povos indígenas da América do Sul, inclusive uma seção para povos da Amazônia. Muitos museus na Europa e Estados Unidos têm exposições que terminam por reforçar e validar o espólio histórico dos bens culturais dos povos de todo mundo pelo Norte global, e Patrícia descreve isso com sabedoria e sensibilidade. Consideramos importante registrar este olhar dela sobre a forma violenta com que a sociedade não-indígena lida com os povos originários, forma esta que é validada por instituições renomadas, como o Museu de História Natural dos Estados Unidos, quando mantém exposições deste tipo”.

A cineasta menciona ainda a relação do filme com a própria história da cidade de Nova Iorque: “Nova Iorque é uma cidade em que tudo e todo mundo funciona a mil por hora. É um símbolo do capitalismo global e todas suas contradições. Morar lá é uma oportunidade de compreender o que significa o modo de vista capitalista em sua máxima potência. O filme traz um pouco isso. A própria cidade surgiu a partir do espólio das terras dos povos indígenas Lenape, que foram levados a vender o que abrange a região que conhecemos como Manhattan, pelo valor irrisório de 60 florins, calculados em cerca de mil e pouco dólares nos dias de hoje. Acho que por revelar estas contradições da história do próprio Estados Unidos que o filme tem sido bem recebido lá fora”.


Diretora Joana BrandãoDiretor André LopesSTILL DO FILME 2

 

 

 

 

 

 A professora e cineasta Joana Brandão Tavares e o antropólogo e cineasta André Lopes, co-diretores do curta premiado sobre a experiência da cineasta indígena Patrícia Ferreira Yxapy em Nova Iorque

 

O festival de cinema etnográfico do Royal Anthropological Institute (RAI) é um dos maiores e mais importantes do mundo, tendo recebido em 2020 inscrições de filmes de 75 países. Nova Iorque, mais uma cidade ganhou também menção honrosa no festival Best Shorts, da Califórnia (EUA), em abril de 2020.

O filme foi realizado durante o período de doutorado no exterior em que a cineasta permaneceu como pesquisadora visitante no Departamento de Antropologia da Universidade de Nova Iorque. A professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o período no exterior enquanto doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM), na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O filme foi realizado com o apoio do Centro de Mídia, Cultura e História, sob coordenação da renomada pesquisadora e professora Faye Ginsburg, da Universidade de Nova Iorque.


Nova Iorque, mais uma cidade foi também selecionado em festivais brasileiros como a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental e 4ª Mostra Lugar da Mulher é No Cinema. Quer assistir? O filme está sendo exibido até quarta-feira (31/03) na Mostra Amotara - Olhares das Mulheres Indígenas (www.amotara.org) e no Festival Cinekurumin (http://cinekurumin.org/).

 

Com informações e texto de Joana Brandão Tavares

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