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Programa Amanhã, do Parent in Science, faz seleção para apoio a pós-graduandas mães com inscrições até 19 de fevereiro

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Segunda, 08 de Fevereiro de 2021, 17h14
  • Última atualização em Terça, 09 de Fevereiro de 2021, 09h00
  • Acessos: 2154

programa amanha cartazOs desafios de cursar a pós-graduação e atender as demandas da maternidade simultaneamente se acumulam e a desistência dos estudos começa a ser cogitada. Essa situação é vivida por mulheres que iniciam a jornada como pesquisadoras em diferentes áreas. O programa Amanhã, conduzido pelo movimento Parent in Science, visa oferecer um apoio imediato às pós-graduandas mães para que consigam concluir seus cursos e colocar em evidência a necessidade de debater e propor soluções para que a combinação maternidade e ciência não seja mais um dilema.

Podem se inscrever até o dia 19 de fevereiro de 2021 (veja a cartilha com mais detalhes aqui) as estudantes de programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) que se tornaram mães, que não sejam bolsistas e que estejam na fase final de seus cursos. O valor do apoio mensal previsto é de entre R$ 400,00 e R$ 800,00, a depender do valor arrecadado pelo financiamento coletivo do programa. A previsão é de realizar pagamentos mensais de abril a dezembro de 2021.

O Programa Amanhã tem um cronograma para suas etapas:

  • Lançamento do Programa: 22/01/2021
  • Período para arrecadação dos fundos: 22/01 a 28/02/2021
  • Candidaturas: 01 a 19/02/2021
  • Divulgação do valor arrecadado: 01/03/2021
  • Seleção: 22/02 a 19/03/2021
  • Divulgação dos resultados: 22/03/2021
  • Início do pagamento do auxílio: abril de 2021

Para colaborar com os recursos para o Programa Amanhã,  confira os meios neste link.

 

O que é o Parent in Science?

Composto por cientistas mães e um pai entre os fundadores, o movimento Parent in Science surgiu em 2017 movido pela percepção de que o universo da ciência deve incluir os temas da maternidade e carreira. Para embasar com dados o que se percebia empiricamente, os integrantes do movimento têm conduzido pesquisas nacionais tratando de comparar a situação parental e métricas de produtividade, como submissão de artigos com resultados de pesquisas a revistas científicas. Um dos estudos divulgados recentemente é uma pesquisa nacional com quase 15 mil respostas em relação aos efeitos da pandemia de covid-19 e do cruzamento das questões de gênero, raça e maternidade na produtividade acadêmica (acesse a pesquisa aqui). 

O forte impacto da parentalidade na carreira acadêmica coloca em risco a formação de mais mulheres dentre os quadros qualificados nos diferentes ramos da ciência. Mesmo com a grande participação na academia, as normas em vigor não contemplam a maternidade, e com isso, restringem a progressão das cientistas que se tornam mães. Conforme dados obtidos em pesquisa feita pelo movimento, menos de 10% das alunas de pós-graduação que são mães estão conseguindo seguir normalmente com o desenvolvimento de suas dissertações e teses neste momento. Na comparação com outros grupos, 20% dos pesquisadores que são pais e cerca de 35% dos homens e mulheres sem filhos afirmaram estar trabalhando normalmente em seus estudos. A grande quantidade de pesquisadoras que ficam entre duas demandas intensas mostra que é preciso repensar a forma como a academica acolhe e avalia as cientistas e mães.

A professora Carolina Bessa Ferreira de Oliveira, que leciona e pesquisa no Centro de Formação em Ciências Humanas e Sociais (CFCHS) do Campus Sosígenes Costa, em Porto Seguro, é a embaixadora voluntária do Parent in Science na UFSB. Ela explica que o movimento apresenta propostas baseadas em estudos e experiências dentro e fora do Brasil para que a parentalidade (que engloba também quem adota) seja melhor considerada nos diversos aspectos do cotidiano acadêmico. Dentre as propostas, afirma, "coloca-se a possibilidade de composição de fundos financeiros de apoio à retomada da carreira de mulheres mães (estudantes e profissionais da universidade), sobretudo aquelas com crianças até 12 anos, a necessidade da existência de creches vinculadas às IES, bem como a consideração da maternidade/parentalidade nos diversos editais - seja de fomento à pesquisa, financiamento, bolsas, seleção de estudantes, técnicas e docentes na graduação e na pós". No site do Parent in Science há uma seção de Documentos com guias para oferta de recreação em eventos científicos e para orientar na criação de editais que considerem a maternidade.

A realidade de professora, pesquisadora e mãe impulsionou a professora Carolina a se integrar ao movimento: "Quanto à minha trajetória, me tornei mãe há pouco mais de dois anos e isso trouxe uma mudança radical no cotidiano, incluindo-se a vida profissional e a produtividade acadêmica. A ausência de uma rede de apoio, que se intensificou na pandemia, é um ponto de dificuldade na minha vida e de boa parte das famílias, que recai sobremaneira nos trabalhos de cuidados realizados por mulheres e mães todos os dias. Também por essa razão me somei como voluntária/embaixadora ao Parent in Science, no sentido de procurar e oferecer acolhimento e de colaborar com pesquisas e ações, como é o caso do Programa Amanhã, que promovam a equidade de gênero na universidade, e na ciência em geral, com ênfase na consideração da maternidade".

Para conhecer mais sobre o movimento, consulte os canais abaixo:

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