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Mesas-redondas da UFSB abordam os desafios e as propostas para o ensino em tempos de pandemia

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Quarta, 17 de Junho de 2020, 16h37
  • Última atualização em Quinta, 18 de Junho de 2020, 11h12
  • Acessos: 2721

A Universidade Federal do Sul da Bahia participou da primeira manhã do Congresso da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que iniciou nesta quarta-feira (17). As atividades foram duas mesas-redondas, transmitidas por webconferência e pelo Youtube, com integrantes da equipe de gestão e docentes da UFSB. A íntegra da transmissão pode ser vista neste link.

capa congresso andifes 01

A reitora, professora Joana Angélica Guimarães da Luz, abriu as atividades falando sobre como a UFSB vem se adaptando aos tempos de isolamento social. Para ela, a pandemia do novo coronavírus mostrou como a diversidade de pessoas e de tipos de conhecimento importa para o enfrentamento da situação. Outro aspecto ressaltado por ela é a desigualdade social, que acaba impactando a capacidade de proteção e adaptação das pessoas, desde as condições para se isolar em casa e para dar alguma continuidade ao aprendizado. Conforme pesquisa realizada pela UFSB sobre o acesso digital, muitos jovens de baixa renda encontram dificuldades relevantes para acompanhar qualquer tipo de atividade de ensino mediada pela tecnologia. Para a professora Joana, qualquer medida que venha a ser proposta para atividade acadêmica durante e após a pandemia terá de conciliar a segurança da saúde e as condições de docentes e estudantes para darem continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.

 

O enfrentamento da pandemia

A primeira mesa da manhã tratou do tema A Universidade e as medidas de enfrentamento da pandemia, com a participação da assessora de Comunicação Social, professora Joseline Pippi, da pró-reitora de Extensão e Cultura (Proex), professora Lilian Reichert Coelho, e do diretor de pós-graduação (DPG/PROPPG), professor Fabrício Carvalho, e mediação pela professora Gabriela Rodella.

capa congresso andifes 02

A professora Joseline Pippi, que também integra o Comitê Emergencial da universidade para o enfrentamento da pandemia, relatou a criação e as ações realizadas pelos integrantes para apoiar a instituição e a comunidade acadêmica. O Comitê é integrado por representantes de docentes, discentes e técnicos dos três campi e é responsável pela publicação do boletim semanal do Observatório da Epidemia do Novo Coronavírus no Sul da Bahia. O documento organiza informações e projeções a partir do que se observa no cenário mundial, nacional e regional, divulga as ações da instituição e da comunidade universitária junto à sociedade do sul e extremo sul do estado e dissemina informações de prevenção. Com 12 edições já publicadas e divulgadas nos perfis oficiais e para a imprensa regional, o boletim pode ser consultado no hotsite da UFSB para a pandemia de covid-19

Em seguida, a professora Lilian Reichert Coelho tratou dos desafios que a pandemia impôs à extensão comunitária, ainda mais em se considerando a recente criação da pró-reitoria dedicada a esse pilar da universidade, em abril deste ano. Para ela, está sendo um exercício de pensar de forma criativa sobre como fazer a extensão mediada pelas tecnologias, diante da insegurança para a saúde que impede a ação presencial. Lilian destacou as ações que a Proex, com o apoio da administração, conseguiu realizar, como o edital dedicado ao apoio de projetos extensionistas de enfrentamento à covid-19, e mencionou que projetos já existentes e novos tiveram de se ajustar à impossibilidade de atividades presenciais. A variedade de iniciativas de extensão, dentre cursos, lives e eventos online mostra a motivação e o interesse da comunidade acadêmica em interagir com a comunidade externa, o que deve ajudar na valorização da atividade extensionista e da ciência. 

A seu turno, o professor Fabrício Carvalho contou como está o projeto de instalação dos laboratórios institucionais de Biologia Molecular, traçando um breve histórico da discussão que concluiu pela criação replicada dessas estruturas nos três campi. Esses laboratórios são pplanejados de modo a atender as demandas específicas das comunidades de pesquisa e manter uma funcionalidade multiusuário, em que a mesma infraestrutura pode ser usada para a realização de diversos estudos. A infraestrutura ganhou destaque devido à decisão de prepará-los com nível 2 de biossegurança, o que deve permitir a realização de análises de testes da presença do novo coronavírus, como forma da UFSB oferecer apoio aos esforços de enfrentamento da doença. O professor Fabrício ressaltou que essas instalações serão plenamente funcionais para as pesquisas dos campi no pós-pandemia, com aproveitamento total para futuros projetos em diferentes áreas do conhecimento, e atendendo especialmente o princípio de economicidade de recursos públicos.

 

As perspectivas para o durante e o após

Após breve fase de perguntas e respostas, a segunda mesa-redonda da manhã, com o tema Perspectivas para o ensino mediado pelas tecnologias em caráter emergencial na UFSB. A mediadora, professora Milena Magalhães, conversou com a pró-reitora de Gestão Acadêmica, professora Janaína Zito Losada, a professora Maristela Midlej Veloso (IHAC CJA) e a coordenadora do curso de História, professora Ivana Maria Gamerman (CFCHS CSC).

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A pró-reitora Janaína Zito Losada abriu sua fala reconhecendo que a realidade atual, do isolamento social, se impõe como desafio também para o ensino superior. A UFSb adotou a medida com a mesma rapidez de outras IFES para proteger, e assim como as demais instituições, está atenta e estudando propostas para a experimentação em relação ao ensino durante e após a pandemia. Por isso a consulta feita à comunidade para saber sobre o acesso digital e a capacidade de participação. Ela também destacou o valor para com os direitos de aprendizagem e formação dos estudantes e a sensação de pertencimento dos alunos nesses meses de isolamento. "Qualquer contato é melhor que nenhum contato, para que os alunos percebam que eles continuam fazendo parte da universidade", ponderou. Uma proposta deve ser submetida para discussão pela comunidade e posteriormente ao Conselho Superior (Consuni), com o princípio de não-prejuízo aos discentes e ações de apoio aos que não tenham condições próprias para participar de aulas à distância, e tendo em mente as possibilidades de cada campus e curso, de docentes e de estudantes.

A professora Maristela Midlej Veloso falou das questões postas para a UFSB no contexto de ensino mediado por TICs durante essa pandemia. Para ela, o plano orientador da UFSB, bastante influenciado por Anísio Teixeira, Paulo Freire e Pierre Levy, já aponta algumas possibilidades de ação institucional que merecem estar no debate sobre o ensino. A diferença entre a educação à distância (flexibilidade espaço temporal, planejada antes, voltada para adultos, com autonomia, planos autorizados, metodologia própria e a presença pela realização das atividades) e o ensino remoto (sincronicidade, pouco ou nenhum planejamento, apoio do professor pela grade horária, em tempo real, público alvo crianças, jovens e adultos, envolvimento da família, plano de emergência, metodologia adaptada do ensino presencial e presença obrigatória) deve ser considerada. Maristela destacou alguns problemas emergentes: o descompasso entre o excesso ou a escassez de atividades enviadas, muito tempo de aulas online em comparação com a grade presencial, a segurança de dados, o descontentamento dos alunos em relação à aprendizagem, problemas no acesso digital. O fato é que a pandemia mostrou problemas subjacentes, como o fato de que ninguém estava preparado para essa realidade; é preciso pensar em projetos governamentais, em canais e experiências históricas para esse ensino, a formação de professores para essa modalidade.

Em sua fala, a professora Ivana Maria Gamerman destaca que o contexto atual é de estudantes do século XXI, docentes do século XX e aulas do século XIX. O descompasso tem a ver com o fato de os sujeitos envolvidos no ensino sprendizagem estarem vivendo a transição do modelo de transmissão e de mídia de massa para o paradigma interativo, colaborativo e mais construtivo trazido pelas novas tecnologias. A professora destaca que é preciso garantir que a informação seja mediada de forma crítica, fomentar a inclusão digital para desenvolver essa competência, e promover interação. Para isso, é preciso enfrentar a demanda por preparo para ensinar e a forte desigualdade que também se manifesta na exclusão digital, bem como a disputa de interesses privados e públicos pela educação mediada pela tecnologia. Para Ivana, a defasagem entre a oferta de ensino remoto emergencial pelo setor privado e público aprofundou o fosso da desigualdade educacional e social. As camadas mais pobres, na cidade e no campo, não possuem acesso à rede, o que afeta a efetividade do ensino por esse meio. A pesquisa realizada junto a professores e alunos da UFSB indicou impasses para o funcionamento do ensino remoto emergencial, para os quais a solução passa por ter acesso e condições adequadas, formação de professores e materiais e estratégias pedagógicas apropriadas. Inclusão digital de estudantes, formação continuada de professores, a construção coletiva de proposta pedagógica e o recurso a outras tecnologias, incluindo de emissoras de rádio e tv até impressos, com foco no planejamento e nas estratégias didáticas, também integram a lista de medidas importantes. 

 

O Congresso Andifes, em sua primeira edição, tem programação para a tarde e para esta quinta-feira (18), com reuniões de colegiados. Confira a agenda completa neste link.

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