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Seminário Itinerante Edições Zabelê mostrou a potência artística, política e afetiva do trabalho coletivo

  • Publicado: Quinta, 18 de Abril de 2019, 17h26
  • Última atualização em Quinta, 18 de Abril de 2019, 17h26
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Entre os dias 12 e 17 de abril, o Seminário Itinerante Edições Zabelê: o livro no contexto da educação escolar indígena rodou os três campi da UFSB, o Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro (CIEPS), a aldeia Kaí e o Campus Ondina da UFBA, apresentando o resultado do projeto Edições Zabelê, contemplado pelo Edital Setorial de Literatura do Fundo de Cultura, com apoio da FUNCEB.

cumuruxatiba

Coordenado pelas professoras Cinara de Araújo (CSC/UFSB) e Laura Castro (IHAC/UFBA), o Seminário propôs o lançamento do livro Kijetxawê Zabelê e a divulgação das experiências de trocas de saberes entre pesquisadores(as), artistas, Anexo Kaí do Colégio Indígena Kijetxawê Zabelê e comunidade Pataxó da Aldeia Kaí, localizada em Cumuruxatiba, Extremo Sul da Bahia.

O Seminário Itinerante teve participação de docentes e estudantes de Artes da UFSB, do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais, lideranças e membros de comunidades indígenas, professores(as) da educação básica do Sul e Extremo Sul da Bahia, docentes da UFBA, UNEB, UFG, UERJ e pessoas interessadas pela temática.

Tudo começou com um projeto de extensão proposto pela professora Laura Castro em 2016, quando ainda era docente do Campus Paulo Freire da UFSB. Ela previu a edição do livro num trabalho colaborativo e horizontal entre os artistas do Coletivo de Arte Gráfica Sociedade da Prensa, educadores(as) universitários(as) e estudantes e professores(as) da escola Pataxó.

 

Arte, educação e afetos

Laura disse que conheceu a aldeia Kaí num cenário de destruição. Era janeiro de 2016, quando a aldeia sofreu uma violenta reintegração de posse, que resultou na destruição de tudo: ocas, casas, plantações e posto de saúde. Apenas a escola Zabelê ficou de pé e passou a ter várias funções para a comunidade.

A partir do trauma recente e de outros antigos (como o Fogo de 1951), dos estigmas e opressões, a professora e artista Laura, em conjunto com estudantes da UFSB, iniciaram uma série de atividades na aldeia. Assim surgiu a ideia das Edições Zabelê, a partir da pergunta: O que pode um livro?. A professora Laura Castro explica que a ideia de livro que ela adotou é a de livro expandido e que “o modo de fazer desse coletivo foi se moldando no encanto, nos afetos.”

O projeto foi desenvolvido em etapas, com oficinas de escrita poética, desenho, serigrafia, encadernação e criação de carimbos. Depois, houve o momento da Residência Artístico-Pedagógica, a partir de um trabalho de imersão de artistas na aldeia. A partir da convivência, foram criados outros espaços de trocas de saberes, sempre respeitando o princípio do protagonismo da comunidade, que “não queria falar apenas da história doída, mas fazer um livro sobre os encantamentos, sobre o que a colonização não exterminou”, contou Laura Castro, a partir da fala de Talita Tamykuã Pataxó, indígena e artista participante do projeto.

 

edições zabelê1

 Livro Kijetxawê Zabelê: Aldeia Kaí

O livro lançado durante o Seminário está disponível na íntegra para download gratuito no sítio do projeto: http://www.edicoeszabele.com.br/

A ideia é que a publicação seja utilizada em escolas indígenas e não-indígenas de todo o país, divulgando e fortalecendo a comunidade escolar da Aldeia Kaí e a história dos Pataxó de Cumuruxatiba. O objetivo é pensar o livro no contexto escolar indígena, principalmente a partir da participação dos(as) estudantes indígenas, e também na presença de indígenas nos livros das escolas não-indígenas.

 

Trocas

Educadores(as) da educação básica preocupados(as) com o trabalho a partir das interculturalidades também participaram do Seminário Itinerante.

tereza saNo encontro no Campus Jorge Amado, na noite de 17 de abril, a indígena de Olivença e estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades da UFSB, Laís Eduarda Tupinambá, ressaltou a importância de materiais como o livro apresentado no Seminário. “O próprio Estado trava a educação pela falta de materiais próprios, obrigando as escolas indígenas a utilizar os materiais precarizados de todas as demais escolas, o que não dá certo”, explicou.

Ao analisar o material, ela disse que se trata de “um livro que você olha e se reconhece como povo indígena. Ele me deu várias ideias para o Trabalho de Conclusão de Curso que vou desenvolver sobre jogos na educação escolar indígena.”

 

 

Fotos: Laura de Castro (arquivo pessoal) e Tereza Sá

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