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UFSB integra o comitê gestor do Arranjo Ecoprodutivo Local Polo Biriba

  • Escrito por Heleno Rocha Nazário
  • Publicado: Quarta, 03 de Abril de 2019, 15h36
  • Última atualização em Segunda, 08 de Abril de 2019, 16h02
  • Acessos: 2504

O valor curativo de plantas medicinais da região de Mata Atlântica vai contribuir para o desenvolvimento de comunidades e para a produção qualificada de remédios fitoterápicos. Essa é a meta da Rota da Biodiversidade, programa conduzido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e pela Fundação Oswaldo Cruz, com a RedesFito/Farmanguinhos, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Um dos novos pontos nesse roteiro é o Arranjo Ecoprodutivo Local (AEPL) Polo Biriba, cujo comitê gestor foi definido em oficina realizada no fim de março em Teixeira de Freitas. A Universidade Federal do Sul da Bahia é uma das instituições integrantes do colegiado, com as professoras Jannaína Velasques, do Campus Jorge Amado (Itabuna) e Gisele Lopes, do Campus Paulo Freire (Teixeira de Freitas) respectivamente como representantes titular e suplente.

Um Arranjo Ecoprodutivo Local une as características de um Arranjo Produtivo Local (cadeia produtiva estratégica formada por iniciativas complementares entre si e especializadas em um produto) ao investimento em pesquisa e desenvolvimento a partir dos recursos naturais, por se situar junto a unidades de conservação ambiental. Na página da RedesFito sobre o conceito, o mapa mostra 16 AEPLs associados à Rota de Biodiversidade, todos eles dedicados à produção de fitomedicamentos com base em espécies vegetais nativas de cada bioma. 

Na composição do comite gestor do AEPL Polo Biriba estão presentes 13 entidades, dentre elas o programa Arboretum, o Kilombo Tenondé, a Rede de Agroecologia Povos da Mata, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA-BA), a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a UFSB. A professora Jannaína explica que as frentes de trabalho previstas para o AEPL foram divididas em eixos temáticos: Insumos e produção; Beneficiamento, agregação de valor e comercialização; Capital social e governança; Marco regulatório; Infraestrutura e Financiamento. Cada grupo elencou projetos prioritários dentro desses temas. Cinco deles serão escolhidos para compor a cartilha prioritária na próxima reunião do comitê em 26 de abril.

O AEPL Polo Biriba abrangerá área de Mata Atlântica entre os municípios de Valença, na Bahia, e de São Mateus, no estado do Espírito Santo. A professora Jannaína explica o cenário de atuação do polo e fala sobre o trabalho a ser desenvolvido em 2019 junto às comunidades abrangidas pelo arranjo.

ACS: Qual o contexto atual de produção de fitoterápicos na região de abrangência do Polo Biriba?
Professora Jannaína Velasques: Se considerar literatura científica, muitos trabalhos foram publicados, compreendendo desde os levantamentos etnobotânicos à investigação de princípios ativos de espécies nativas da região, e a FioCruz é a grande referência em pesquisas com essas espécies. No entanto, apesar da vocação natural para a produção e manipulação de plantas medicinais pelas comunidades tradicionais do Polo e também da presença de algumas iniciativas individuais no setor produtivo de fitocosméticos e fitomedicamentos, o desenvolvimento do setor é praticamente incipiente na região. A iniciativa do MDR e Fiocruz parte justamente da necessidade de organizar e estruturar esse setor produtivo, contando com as instituições de ensino e pesquisa para a capacitação da comunidade.

ACS  A sua área de atuação como pesquisadora e docente tem forte relação com o foco do AEPL Polo Biriba. Pode dar alguns exemplos de potenciais que o AEPL pretende desenvolver a partir deste ano?

Professora Jannaína Velasques: Toda a minha formação acadêmica está direcionada para o setor produtivo de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Como agrônoma, da graduação ao mestrado, trabalhei com produção e aporte de biomassa de espécies medicinais, padronizando técnicas de manejo e tratos culturais para produção em larga escala de matéria prima destinada à indústria farmacêutica. No doutorado, senti a necessidade de direcionar as pesquisas para a seleção, domesticação e melhoramento de espécies medicinais, um caminho que acabou me levando à biotecnologia e ao desenvolvimento de produtos durante os pós-doutorados. Hoje eu componho a coordenação do Grupo Nacional de Plantas Medicinais da Associação Brasileira de Horticultura, que desde sua fundação vem atuando na estruturação e normalização do setor no Brasil e que foi de suma importância durante o desenvolvimento da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2006. É importante enfatizar que a professora Gisele Lopes, do Campus Paulo Freire, também integra o comitê como suplente e sua área de atuação também abrange a bioprospecção e biotecnologia aplicada à saúde. Nossos trabalhos estão muito conectados e se complementam à medida que eu trabalho o setor produtivo e ela a bioprospecção e a padronização de drogas brutas. Nossa primeira missão será mapear assentamentos e comunidades tradicionais com vocação para trabalhar a produção de plantas medicinais, elencar as espécies prioritárias para fornecimento ao SUS e, a partir destas informações, iniciar cursos de capacitação em sistemas produtivos e beneficiamento de plantas medicinais. A Coordenação de Integração Social da UFSB já identificou alguns núcleos importantes dentro do nosso raio de atuação e devemos iniciar esse processo ainda no primeiro semestre de 2019.

 

 

Foto: SEMA-BA

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