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Frente Estudantil contra o Racismo realizou evento para debater políticas, histórias e resistências da população negra

  • Publicado: Terça, 04 de Dezembro de 2018, 16h28
  • Última atualização em Terça, 04 de Dezembro de 2018, 16h58
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Entre 21 e 23 de novembro, aconteceu, no Campus Sosígenes Costa (CSC) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o II Negro Entoou: Chega de Racismo, organizado pela Frente Estudantil contra o Racismo.

Participaram da mesa de abertura Kaline Gonçalves, representando a Frente; a professora Joana Angélica Guimarães da Luz, reitora da UFSB; e o professor Sandro Augusto Ferreira, pró-reitor de Sustentabilidade e Integração Social. Conforme a Comissão Organizadora, o evento teve como objetivo “promover o conhecimento e a reflexão acerca da história, memória e cultura dos(as) negros(as) neste país, de modo que não se conheça apenas a história, mas se pense de maneira crítica sobre a série de violências cometidas contra esse povo desde a diáspora africana.”

O evento surgiu no ano passado (2017) como projeto final de estágio da Licenciatura Interdisciplinar em Humanidades de Kaline Gonçalves, hoje estudante de Antropologia da UFSB. A primeira edição teve apoio de Ize Duque, da PROSIS, do CC África, Diáspora e Cultura Afro-Brasileira, da LIH do CPF, e também dos colegas Pedro Monteiro e Flaviany Damasceno. “Outras pessoas somaram muito para que a segunda edição acontecesse”, reconheceu Kaline. Ela disse ainda que “o Negro Entoou representa, para mim, possibilidade de libertação e resistência. Libertação para falar sobre todas as violências, mostrar que isso acontece e falar que precisamos mudar. E resistência porque a gente sabe que estar junto num mesmo lugar e falar sobre racismo, sobre as violências vividas, não é nada fácil, as pessoas tendem a ignorar.”

A programação iniciou com a palestra “Brasil do século XXI e o papel da negritude para a construção da nação brasileira”, proferida pela professora Maria Aparecida Lopes (CSC/PPGER). À palestra, seguiu-se a mesa-redonda “Por que a política do Brasil é branca?”, da qual participaram o professor Richard Santos (CSC) e a reitora da UFSB, Joana Guimarães. Na avaliação de Monalisa Santos, estudante de Direito da UFSB, “diante desse contexto social e cultural de racismo, momentos que identifiquem essa complexa questão com concretude e discutam possibilidades de solução são de suma importância na construção de uma sociedade mais igualitária.”

Monalisa completa, dizendo que o Negro Entoou “veio para fortalecer as discussões acerca da temática racial dentro da universidade, rompendo com um saber hegemônico, construindo novas epistemologias, colocando homens e mulheres, negros e negras, no centro da questão, como sujeitos que produzem conhecimento acerca de si mesmos, utilizando a educação como caminho de saída dos locais de subalternidade.”

O primeiro dia terminou com uma Oficina de Dança Afro, oferecida por Moara Sacchi (CSC). O segundo dia iniciou com dois minicursos, “Feminismo Negro” e “Doenças prevalecentes na população negra”, ofertados pela professora Ceila Sales (CSC) e pelo professor Vinicius Rodrigues (IFBA/Porto Seguro), respectivamente. O estudante de Direito da UFSB Moisés Sant’Ana apresentou a palestra “Por que os(as) negros(as) não denunciam? – a real efetividade da criminalização do racismo no Brasil”.

A programação seguiu com a oficina de lambe e estêncil “A arte (r)existe!”, organizada por Vitor, Iza e Gabriel, estudantes da Licenciatura Interdisciplinar em Artes do CSC. O professor Gabriel Nascimento (CSC) conduziu o minicurso “As novas nuances do discurso racista”. A noite encerrou com o II Baile Black.

Na manhã do dia 23, ocorreu a mesa-redonda “O Recurso Extraordinário (RE) 494.60 e o racismo religioso no Brasil”, comandada pelas professoras do CSC Cinara Araújo e Lidyane Ferreira. Cinara participou como filha do terreiro Vintém de Prata - Ilê Ibirin Omi Axé Airá, coordenado pela Iyalorixá Marlene Rodrigues (Mãe Marlene de Nanã). Ela comentou que “participar do evento me fez pensar que o entoou pode ser um grito, um chamado, mas pode ser também um canto, um lundu, um batuque coberto dos espaços ancestrais e da rica ‘geografia coletiva de rebeldes’ e da imensa geografia da negritude. O protagonismo dos(as) estudantes organizadores(as) e participantes retoma a fala para lugares inimagináveis e muito potentes para entender o papel da juventude negra, da negritude, das identidades e das subjetividades emancipadas.”

Kaline Gonçalves, da comissão organizadora, revelou que espera fazer extensões do evento que incluam a comunidade, que estejam em espaços fora da academia. “Esse é o propósito. O Negro Entoou foi a coisa mais linda que criei na minha vida no sentido de produção, de coisas nas quais me espelho e me fazem pensar sobre quão longe a gente pode chegar promovendo pequenas ações. A partir de pequenos, singelos gestos, tomou grande proporção.” 

O evento encerrou com a mesa-redonda intitulada “Exclusão e esquecimento: caminhos para a inserção de autores(as) negros(as) nas bibliografias das escolas e IES brasileiras”. As debatedoras foram as professoras Fabiana Lima (CJA) e Verônica de Souza Santos (IFBA/Porto Seguro).

 

 

Galeria de fotos:

Fotos: Caroline Souza (CSC/UFSB).

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