Artigo revela novas espécies de plantas da Mata Atlântica no Nordeste brasileiro
Três novas espécies de plantas com flores da Mata Atlântica foram descobertas e descritas em artigo publicado na revista científica Novon, da área da Botânica, no início de novembro. No mesmo trabalho, os autores propõem a realocação de outras três espécies para uma nova seção botânica. O artigo é assinado em coautoria pelos pesquisadores Charlotte M. Taylor, do Missouri Botanical Garden (EUA), e Jomar Gomes Jardim, professor do Centro de Formação em Ciências Agroflorestais da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e curador adjunto do Herbário CEPEC/CEPLAC.
As novas espécies descritas são Palicourea alagoana C.M. Taylor, Palicourea amorimii C. M. Taylor & J. G. Jardim e Palicourea atlantica C.M. Taylor & J.G. Jardim. As espécies descritas são arbustos ou pequenas árvores com altura variando entre 1 e 8 metros.
Palicourea amorimii C. M. Taylor & J. G. Jardim e Palicourea atlantica C.M. Taylor & J.G. Jardim. (Fotos: Jomar Jardim)
Os estudos na área da Botânica (especialidades de Taxonomia e Sistemática), ampliam a base de conhecimento sobre a diversidade vegetal, neste caso, a da Mata Atlântica, aumentando a responsabilidade quanto à sua conservação e abrindo novas possibilidades sobre esses recursos. A identificação taxonômica adequada de uma nova espécie abre caminho para diversos projetos de pesquisa em outras áreas. “Nomear as espécies é o passo inicial. Sem conhecer, não podemos avançar em nenhuma pesquisa. A partir dos nomes, podemos por exemplo estudar populações, interações, princípios ativos, relações de parentesco, etc”, explica o professor e botânico Jomar Jardim.
A pesquisa iniciou em 2014 e envolveu visitas às coleções no herbário e saídas a campo para identificação de espécimes. Jomar conta que essas novas espécies não têm (ainda) nomes populares ou usos tradicionais conhecidos, embora cogite que talvez povos indígenas conhecessem e tivessem nomes para esses vegetais.
Descrever e identificar novas espécies é passo inicial para outros estudos,
diz o professor e botânico Jomar Jardim (foto: Vitor Benjamin)
Um dos avanços que o artigo registra para o conhecimento científico é a nova visão sobre gênero Palicourea para o leste do Brasil. A maioria das espécies eram associadas ao grande gênero Psychotria. “Essa nova visão amplia em muito o número de espécies do gênero Palicourea, que é exclusivo da região Neotropical”, detalha o pesquisador: “A pesquisa atual continua e complementa estudos anteriores iniciados no final da década de 1980 que mostraram que o gênero Psychotria era parafilético, ou seja, não constituía um grupo natural, portanto, precisava ser revisto ou desmembrado em outros gêneros”. Essa atualização pode ser certificada através de estudos genéticos (filogenia usando o DNA) e morfológicos.
O trabalho feito pelos pesquisadores é relevante por organizar ou realocar espécies que estavam encaixadas em conceitos anteriores e por ajudar a estabilizar a denominação no âmbito das Ciências Biológicas. “A partir desse estudo, outros trabalhos provavelmente serão publicados realocando outras espécies da Mata Atlântica e de outros biomas”, diz Jomar. Essa é outra contribuição do artigo intitulado Rubiacearum Americanarum Magna Hama Pars XLI: New Species, a New Section, and New Combinations in Palicourea from the Atlantic Forest of Eastern Brazil (Palicoureeae): transferem duas espécies antes classificadas no gênero Psychotria (P. divaricata Schltdl. e P. jambosioides Schltdl.) para o gênero Palicourea (nome atual Palicourea divaricata e Palicourea jambosioides) e, junto com P.atlantica C.M. Taylor & J.G. Jardim descrita neste artigo, criam uma nova seção incluindo essas três espécies.
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