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Nota de pesar e solidariedade à comunidade acadêmica da UFRJ e ao Museu Nacional

  • Publicado: Terça, 04 de Setembro de 2018, 15h39
  • Última atualização em Terça, 04 de Setembro de 2018, 15h49
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Tristeza. Consternação. Revolta.

Foi com esses sentimentos que a Reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia amanheceu no dia 3 de setembro, data que entrará para a história como o registro irrevogável da falta de empenho com a preservação da memória do nosso país. Acusados incansavelmente de sermos um povo sem memória, fomos as testemunhas impotentes, achacados(as) com a perda de um dos maiores acervos do mundo. Talvez tenhamos sido os(as) últimos(as) a ter oportunidade de conhecer o Museu Nacional, seu precioso acervo e o trabalho de tantas pessoas que, mesmo na ausência dos recursos necessários, batalharam para que o patrimônio fosse preservado, pensando no passado, no presente e no futuro de todos(as) nós, brasileiros(as). E também de toda a humanidade, se consideramos a importância de tudo o que se perdeu nas chamas, pois o Museu Nacional abrigava a história da implantação da ciência no Brasil, a história nacional oficial, mas também a história de diversas populações desaparecidas, extinguidas pela violência e que, novamente, desaparecem como memória, numa nova morte igualmente violenta.

Muito tristes e comoventes os depoimentos daqueles(as) que dedicaram parte de suas vidas ao cuidado com o Museu Nacional e conosco. É nosso tudo o que se foi. E deve ser nossa a dor e a revolta por essa perda que nenhuma nova construção irá repor. Devemos estar conscientes de que não se trata de uma perda, de mera fatalidade, mas de uma destruição dolosa. Uma ferida profunda se abriu e não se fechará ante a irreversibilidade do fato. E é bom que não cicatrize, para que reconheçamos nossas próprias omissões perante os descasos, os desmandos e a falta de cuidado com o patrimônio de toda a população brasileira. E também para que estejamos alerta em relação aos bens públicos, à destinação dos recursos, à vida de nossas universidades públicas, que vêm sofrendo cortes e desgastes que parecem inapeláveis, num processo de precarização assustador.

Como herança, a revolta.

Membros de uma comunidade acadêmica, nos solidarizamos e endossamos o que declararam o diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner, e o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, em entrevista a veículos de comunicação e que adaptamos livremente aqui: agora cansamos, não estamos pedindo nada, exigimos o direito do povo brasileiro a ter seu patrimônio resguardado, reconstruído, para que não tenhamos apenas na memória os despojos desse incêndio lamentável. Exigimos que nosso passado nos seja acessível para que, sobre ele, possamos ter o direito de pensar criticamente nosso presente e projetar com consciência nosso futuro coletivo. Exigimos respeito à universidade pública e ao patrimônio e incremento sério às políticas públicas.

E, para finalizar o que somos capazes de assimilar diante do horror, a Reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) solidariza-se com a comunidade acadêmica da UFRJ e do Museu Nacional e com todos(as) os(as) trabalhadores(as) que lutaram e continuam lutando pelo resgate do acervo. Estamos à disposição para oferecer o apoio que nos é possível, neste momento de dor compartilhada.

 

Joana Angélica Guimarães da Luz

Reitora da UFSB

 

Francisco Mesquita

Vice-Reitor da UFSB

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