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Mostra audiovisual com produções de mulheres indígenas promove debates sobre arte, interculturalidade e gênero

  • Publicado: Segunda, 30 de Julho de 2018, 09h47
  • Última atualização em Terça, 31 de Julho de 2018, 10h28
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O evento AMOTARA  - “Olhares das Mulheres Indígenas”, organizado pela professora Joana Brandão, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências do Campus Paulo Freire (IHAC/CPF), tem por objetivo realizar uma mostra audiovisual na UFSB com foco na produção de mulheres indígenas brasileiras. A programação envolve exibição de filmes e debates com a presença de realizadoras de diferentes etnias.

As atividades ocorrerão de 30 de julho a 4 de agosto em três localidades do Extremo Sul baiano: Caravelas, na sede do Movimento Cultural Arte Manha, grupo que trabalha com cultura afro-indígena há mais de vinte anos; campi da UFSB Paulo Freire (Teixeira de Freitas/BA) e Sosígenes Costa (Porto Seguro); Centro Cultural de Porto Seguro e Aldeia Indígena Jaqueira (Porto Seguro). A comunidade
acadêmica e o público externo estão convidados para as atividades, que são gratuitas.

Os principais temas da Mostra têm relação com a vivência artística e biográfica das artistas, trajetórias coletivas e individuais na produção audiovisual, representação de sujeitos indígenas no cinema indígena/não-indígena, gênero, arte e populações indígenas, cinema e garantia de direitos indígenas.

A professora Joana Brandão conta que o evento integra sua pesquisa de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) da UFBA.

A ideia é permitir aos(às) participantes “pensar a arte com um recorte de gênero e intercultural pois, de forma geral, nossas referências imagéticas ainda são muito centradas na narrativa hegemônica da cultura euroamericana (cinema de Hollywood, Netflix, etc) e pouco sabemos das culturas indígenas contemporâneas do Brasil, suas histórias, sujeitos e paisagens”.

A docente complementa, afirmando que, “de forma geral, o audiovisual indígena permite visibilizar perspectivas historicamente invisibilizadas destes povos, recontar narrativas imagéticas, desconstruindo estereótipos.”

Ainda de acordo com a professora, a linguagem audiovisual tem sido utilizada como “meio de manutenção de memória, ao registrar tradições, diálogo interétnico e fortalecimento político, ao abordar questões de interesse de diversas etnias no processo de contato e luta por direitos com a sociedade não-indígena.”

Uma das principais pautas das comunidades indígenas no Brasil é a questão da terra. A jornalista, cineasta e ativista Olinda Muniz, Pataxó Hãhãhãe, uma das cineastas convidadas da Mostra, salienta a importância de apropriação dos meios de comunicação pelos indígenas de modo contra-hegemônico. Ela  acusa a mídia tradicional, que “sempre manchou a imagem do indígena como informações falsas e com o viés do conquistador. Eles sempre arrumam um jeito falacioso de passar uma imagem negativos dos indígenas, desqualificando nossa luta.”

A cineasta destaca o papel das mulheres na denúncia contra genocídios praticados contra muitas comunidades indígenas no Brasil e realça seu esforço para darem voz a muitos personagens que desenvolvem trabalhos importantes nas aldeias, “mostrando para os mais jovens que também temos nossos protagonistas.”

Etnia e gênero

A docente Joana Brandão constata que “as mulheres indígenas produzem muito menos no audiovisual do que os homens, assim como no mundo não-indígena.” Justamente por isso, Olinda Muniz considera “muito importante que o ambiente acadêmico abra esse espaço para as mulheres, pois, assim, fortalece nosso trabalho.”

Além da exibição de filmes, a programação da Mostra prevê rodas de conversa entre cineastas de etnias diferentes. “Acho muito legal esse encontro entre nós, pois podemos trocar experiências e aprendemos muito umas com as outras”, festeja Olinda.

Como explica a organizadora, a Mostra parte de uma perspectiva feminista, ao valorizar “as histórias de vidas dos sujeitos subalternizados como forma de acessar horizontes culturais e de perspectivas de relações de poder.” 

    

Por isso, um dos objetivos do evento é “fortalecer aquelas que estão conseguindo fazer uma trajetória apesar das diversas dificuldades e tornar visíveis as narrativas por elas construídas. São horizontes invisibilizados que se tornam conhecidos através da imagens”, comenta a professora Joana.

A cineasta Olinda Muniz vai além: “Quem sabe, a partir das discussões e de nos verem nesses espaços, outras mulheres também se interessem em trabalhar com audiovisual?”.

Vida longa à Mostra

A docente e organizadora da Mostra reforça seu desejo de realizar o evento Amotara - Olhares das Mulheres indígenas “anualmente, ampliando, além do cinema, para outras linguagens e saberes, escrita, artesanato, etc. Mas esse é um sonho, vai depender da existência de apoio institucional e financiamento para as próximas edições”.

Programação

As atividades iniciam hoje, às 17h30, em Caravelas, no espaço do Movimento Cultural Arte Manha, com uma roda de conversa. A partir das 19h, serão realizadas exibições dos filmes Retomar para Existir (Olinda Muniz), Mãos de Barro (Graci Guarani e Alexandre Pankararu) e Yiax Kaax (Isael Maxacali e Suely Maxacali).

Na noite de terça, 31, o evento prossegue no Campus Paulo Freire (CPF), com a mesa de abertura, às 18h30, e exibição dos filmes Konãgxeka: o dilúvio Maxacali (Charles Bichalho e Isael Maxacali), M’ba eicha Nhande Recova’ erã - Mensageiros do Futuro (Graci Guarani) e No caminho com Mário (Coletivo Mbya Guarani de Cinema), a partir das 20h.

Ainda em Teixeira de Freitas, no CPF, às 14h da quarta-feira, 1, serão exibidos os filmes Tempo Circular (Graci Guarani) e Tempo para Existir (Olinda Muniz). Em seguida, às 15h30, haverá uma roda de conversa com o Grupo “Jovens Indígenas” vloggers Pataxó, de Cumuruxatiba. Às 19h, será a estreia do filme Mulheres que Alimentam, de Olinda Muniz.

A partir de quinta, 2, a programação ocorrerá em Porto Seguro. Às 19h, será exibido o filme Quando os Yãmiy vêm dançar conosco (Isael Maxacali, Suely Maxacali e Renata Otto). Na sequência, haverá debate, com a presença da indígena Pataxó e doutoranda em Antropologia/UFRJ Anari Braz Bomfim.

Na noite de sexta, 3, às 19h, o Campus Sosígenes Costa vai sediar a pré-estreia do filme Teko Haxy (Patrícia Ferreira Keretxu e Sophia Pinheiro).

A programação encerra no sábado, 4, na Aldeia da Jaqueira, com exibição dos filmes Konãgxeka: o dilúvio Maxacali, Mãos de Barro e Xupapoynãg (Isael Maxacali e Suely Maxacali), a partir das 18h.  Anari Braz Bomfim, indígena Pataxó e doutoranda em Antropologia pela UFRJ, vai comentar os filmes.

Estudantes do Componente Curricular Fruições Estéticas para além do centro, orientados(as) pela professora Joana Brandão, vão fazer exposições e instalação no evento.

A professora, escritora e coordenadora do Projeto Edições Zabelê, Laura Castro (Artes), e o professor especializado em História Indígena, André Rego (Humanidades), do CPF, e a estudante Indígena Pataxó do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades Jociele Santana também vão participar, qualificando as atividades.

O projeto Imagina! Circuito Permanente de Audiovisual, ligado ao Centro de Formação em Artes, também é parceiro na Mostra e vai acolher as atividades que ocorrerão em Porto Seguro, tanto no Campus Sosígenes Costa quanto no Centro cultural e na Aldeia Pataxó da Jaqueira.

Mais informações: www.fb.me/amotaraolhares / Instagram: olharesamotara

 

 

 

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