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Organização Gongombira e Grupo de Pesquisa Lêtera convidam mulheres para atividades culturais gratuitas

  • Publicado: Quinta, 26 de Julho de 2018, 13h38
  • Última atualização em Segunda, 30 de Julho de 2018, 13h54
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O Grupo de Pesquisa Lêtera: estéticas, tecnologias, discursos (UFSB/CNPq) firmou parceria institucional com a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania, de Ilhéus, na promoção de diversas atividades da terceira edição do projeto Mãe Ilza Mukalê (MIM III), que acontecerá durante todo o mês de agosto, no Terreiro de Matamba Tombenci Neto.

Com o objetivo de promover a cultura afro-brasileira e apoiar o empoderamento de mulheres negras, a entidade abriu inscrições para oficinas gratuitas de fotografia, dança, percussão, turbantes e penteados afro, encadernações e projetos editoriais artesanais. As atividades são exclusivas para mulheres.

O projeto foi contemplado pela chamada pública n. 01/2018, Década Estadual de afrodescendentes, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI), do Governo do Estado da Bahia.

A professora da UFSB e líder do Grupo de Pesquisa Lêtera, Cynthia de Cássia Santos Barra, conta que a parceria já envolve quatro anos de trabalho conjunto. “Desde o final do ano passado e início deste, a equipe de produção da Gongombira decidiu tentar editais específicos de promoção da igualdade de gêneros, consolidando também nessa frente de luta e resistência seus trabalhos artísticos e socioculturais. Fui convidada por eles para, a partir do terreiro, que é uma comunidade de tradição oral, elaborar uma proposta que permitisse experimentarmos práticas autorais negras a serem inoculadas no coração mesmo da cultura do impresso.”

Ela ficou responsável, principalmente, por pensar as bases teórico-metodológicas do projeto Mulheres Negras: uma experiência de autoria, que visa à articulação da oralidade com a cultura do impresso por meio de uma discussão sobre ancestralidade e autoria contemporânea de mulheres negras. “É um trabalho potente, que vai requerer de nós imersão para que possamos cartografar possibilidades locais de articulação de coletivos que pensem essa relação entre o feminismo negro, a ancestralidade, a produção autoral, vinculadas a comunidades de tradição oral”, avaliou.

A terceira edição do projeto foi construída coletivamente, com a liderança dos membros da ONG. A iniciativa, que resultou nas duas experiências anteriores, foi de Marinho Rodrigues, Tata Kambomdo (Ogã no Terreiro de Matamba Tombenci Neto), filho de Mãe Ilza Mukalê e presidente da Organização Gongombira de Cultura e Cidadania.

 “A parceria com a universidade é importante para aproximar a comunidade da academia e vice-versa. Desta forma, trabalhos que eram desenvolvidos entre quatro paredes dentro da academia poderão se tornar acessíveis a toda comunidade, como também os projetos desenvolvidos pela Gongombira poderão ter apoio da universidade e poderão ser usados lá dentro. Uma parceria na qual todos os envolvidos receberão uma enorme contribuição”, ressaltou a Assessoria de Comunicação da entidade.

 

Histórico

De acordo com informações da Assessoria de Comunicação da Gongombira, o projeto-piloto surgiu de forma bem despretensiosa, quando os membros mais jovens do Terreiro se reuniam, aos sábados, para rodas de conversa com Mãe Ilza Mukalê e outros mais velhos. A partir daí, surgiu a primeira edição do projeto, com oito encontros, nos quais ela conversava sobre diversos temas ligados às religiões de matriz africana.

A segunda edição foi voltada para a capacitação de jovens negros(as) e de terreiro de Ilhéus, com 40 jovens formados(as) como agentes culturais. Esta terceira edição difere das outras duas, pois é direcionada apenas para mulheres negras e indígenas, unindo a capacitação com os Encontros da Oralidade.

A ideia dos Encontros da Oralidade surgiu da necessidade de discutir a história do terreiro entre os membros e também conversar com a juventude sobre o pertencimento ao terreiro e a resistência das religiões de matriz africana. “São momentos descontraídos, com rodas de conversa, das quais o público pode participar com perguntas ou contribuições com o tema discutido e os(as) convidados(as) são livres para se expressarem também pela arte, com dança, música ou outra manifestação”, explicou a entidade.

 

PROGRAMAÇÃO

Agosto da Igualdade: Encontros da Oralidade

O primeiro Encontro da Oralidade acontecerá no dia 3 de agosto (sexta-feira), às 19 horas, com a fotógrafa, economista e militante pela causa das populações negras e povos tradicionais Marcela Bonfim, para discutir sobre Arte e Ativismo de Mulheres Negras: Empoderamento e Resistência e contará com uma apresentação da artista Eloah Monteiro, com um show intimista.

O segundo ocorrerá no dia 10 de agosto, no mesmo horário, e terá como tema Poéticas Negras contemporâneas e Ancestralidade, com as convidadas Sanara Rocha e Tereza Sá. O terceiro será no dia 17, quando será abordada a questão da Pluralidade dos Corpos Negros: Gorda, Negra e Sapatão, com a presença de Jéssica Hipólito.

 

Agosto da Igualdade: oficinas

No dia 4 de agosto, às 15 horas, a fotógrafa Marcela Bonfim vai ensinar técnicas de fotografia profissional com uso de smartphones, na perspectiva de construção dos processos criativos de narrativas de re-conhecimento. A profissional é nacionalmente reconhecida pelo seu trabalho (Re)conhecendo a Amazônia Negra: Povos, Costumes e Influências Negras na Floresta, em que registra o legado da população negra amazônica.

De 6 a 9, será realizada, pela primeira vez, uma oficina de Percussão exclusiva para mulheres, que será conduzida pela percussionista soteropolitana Sanara Rocha, multiartista, produtora cultural e mestranda em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela propõe, por meio de exercícios rítmicos práticos, a iniciação de mulheres no universo da percussão como estratégia de empoderamento.

As oficinas de Encadernações e Projetos Editoriais Artesanais acontecerão de 13 a 31 e serão ministradas, respectivamente, por Juliane Matarelli, bacharel em Linguística pela UFMG, que atua há muitos anos como editora, revisora de textos, tradutora e, eventualmente, como escritora, e por Cynthia de Cássia Barra, professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e coordenadora do Lêtera. Nas oficinas serão experimentados a escrita autobiográfica e o desenvolvimento de um trabalho editorial artesanal. As artesãs itabunenses do “Artes de Antônio” coordenarão as práticas de encadernação artesanal previstas em um dos módulos desta oficina.

No dia 25, às 15 horas, será realizada nova edição do Zendembás, com roda de conversa sobre autoestima de jovens negros e negras e oficinas de turbantes e penteados afro, com a participação de Dani Jêje e Preta Ashanti, membros da Casa do Boneco, em Itacaré.

 

Em setembro, também igualdade! Porque o tempo da igualdade é sempre

Para encerrar as atividades do projeto, de 3 a 6 de setembro, acontecerá a oficina de Dança Afro, ministrada por Neide Rodrigues, Makota do terreiro, dançarina e coreógrafa, atual Rainha do Maracatu de Serra Grande, além de já ter participado dos espetáculos Kianga e Malunda.

 

Endereço

O Terreiro de Matamba Tombenci Neto está localizado na Avenida Brasil, Alto da Conquista, Ilhéus. Para participar, é necessário preencher o formulário disponível no link https://goo.gl/forms/GE2h5KKb6vIkHQhl2 

Mais informações: matambatombencineto.blogspot.com/

 

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