Pesquisa indica que regeneração natural é solução de baixo custo para recuperação de florestas
Em artigo recente na revista Science, cientistas avaliaram os prazos de recuperação de diferentes atributos florestais nas regiões tropicais. A pesquisa em rede gerou o paper Multidimensional tropical forest recovery, com autores de diferentes países e instituições. O professor Daniel Piotto, que leciona e pesquisa no Centro de Formação em Ciências Agroflorestais da Universidade Federal do Sul da Bahia (CFCAF/UFSB), integra o time de pesquisadores que assina o texto.
Apesar das florestas tropicais serem convertidas a uma taxa alarmante por meio do desmatamento, elas também têm o potencial de crescer naturalmente em terras abandonadas. Conforme o estudo, as florestas tropicais se regeneram surpreendentemente rápido e podem atingir, após 20 anos, quase 80% da fertilidade do solo, do estoque de carbono e da diversidade de árvores das florestas maduras. O estudo conclui que a regeneração natural é uma solução de baixo custo para a mitigação das mudanças climáticas e conservação da biodiversidade.
Uma equipe internacional de cientistas analisou como 12 atributos florestais se recuperam durante o processo natural de regeneração florestal e como sua recuperação está inter-relacionada. A análise usou 77 paisagens e mais de 2.200 parcelas de florestas na América tropical e subtropical e na África Ocidental.
O autor principal, professor Lourens Poorter, da Universidade de Wageningen, na Holanda, diz: “Embora seja essencial proteger ativamente as florestas primárias e impedir o desmatamento, as florestas tropicais têm o potencial de crescer naturalmente em áreas já desmatadas em terras abandonadas. Essas florestas em crescimento cobrem vastas áreas e podem contribuir para metas locais e globais de restauração de ecossistemas. As florestas tropicais fornecem benefícios globais para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e para a conservação da biodiversidade, além de muitos outros serviços para a população local, como água, energia, madeira e produtos florestais não madeireiros ”.
Os resultados do artigo mostram que essas florestas se recuperam surpreendentemente rápido, indicando que há grandes benefícios de curto prazo da regeneração natural de florestas tropicais. No entanto, a velocidade de recuperação difere fortemente entre os atributos da floresta: a recuperação de 90% dos valores da floresta primária é rápida para a fertilidade do solo (ocorre em menos de 10 anos) e para o funcionamento das plantas (ocorre em menos de 25 anos), intermediária para a estrutura e diversidade de espécies (ocorre em 25 a 60 anos), e mais lenta para a biomassa acima do solo e para a composição de espécies (demora mais de 120 anos). O professor Daniel Piotto, pesquisador do Centro de Formação em Ciências Agroflorestais da UFSB e co-autor do artigo, explica: ”Como as florestas secundárias tem uma rápida recuperação após 20 anos, uma das recomendações do nosso artigo é a utilização da regeneração natural, por ser uma estratégia barata e eficiente para recuperar as florestas tropicais, porém em algumas situações de degradação, ainda é necessária uma combinação de regeneração natural, plantio de mudas e outras atividades para acelerar o desenvolvimento das árvores”.
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