O 2º Seminário em Rede da UFSB toma emprestado um verso do músico Chico César para evocar o legado do educador Paulo Freire que completaria 100 anos neste ano, e com isso construir o mote desta edição: são sons, são sons de sins.
Na mesma estrofe em que cita as “cadeiras elétricas da baiana”, na música Beradêro, Chico César alude poeticamente a um dos traços que compõem o que ficou conhecido como método Paulo Freire: “E a cigana analfabeta/ lendo a mão de Paulo Freire”, evocando a associação de diferentes saberes e a ruptura com a distinção de valor comumente atribuído ao par saber/conhecimento, igualando ambos.
Para dar continuidade ao Seminário em Rede como um lugar de encontros com a comunidade da UFSB para refletir sobre as novas formas e sentidos do ensino acadêmico, a ideia é expandir os debates sobre currículo, neste momento em que os cursos da UFSB são atravessados por reformulações amplas, devido a normativas institucionais e nacionais.
Nesse sentido, invocar o nome de Paulo Freire, mais do que fazer parte da rede de homenagens, significa repactuar os sentidos dados às arquiteturas curriculares de cursos de uma universidade popular, “beradêra”, criada como parte de uma política de interiorização do ensino superior brasileiro.
No processo dialógico de tradução das políticas curriculares, tanto da instituição como das advindas de normativas nacionais, impõe-se margear o que constituiu os ideais da UFSB, para não perder de vista, em movimentos interpretativos ininterruptos, a força de seus preceitos: ressonância regional, impacto social, pluralidade pedagógica, flexibilidade, interdisciplinaridade etc.
O convite é para nos lançarmos sobre a afirmação desses princípios – são sons, são sons de sins – como temas geradores, para daí extrairmos concepções que nortearão os currículos da UFSB tanto no ensino como na pesquisa e na extensão.