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Pós-graduação em Agroecologia e Educação do Campo realiza aulas no Assentamento Terra Vista em Arataca

  • Publicado: Segunda, 19 de Agosto de 2019, 18h28
  • Última atualização em Segunda, 19 de Agosto de 2019, 18h48
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IMG 20190803 WA0039Nos dias 03 e 04 de agosto, os alunos da Pós-graduação em Agroecologia e Educação do Campo (PGAEC) participaram de aulas em campo no Assentamento Terra Vista, em Arataca/BA. Coordenado pelos professores Frederico Monteiro Neves e Dirceu Benincá, o curso está sediado no Campus Paulo Freire, em Teixeira de Freitas e é uma parceria entre a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus X), Instituto Federal Baiano (IFBaiano/ Campus Teixeira deFreitas) e Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAEEB).

As aulas/vivências fizeram parte do Componente Curricular Movimentos Sociais do Campo e Novas Racionalidades Socioambientais, IMG 20190803 WA0030ministrado pelo professor Dirceu Benincá. Na abertura dos trabalhos do dia 03, cacique Nailton Muniz (Pataxó Hã Hã Hãe) relatou a árdua luta dos povos indígenas pela retomada e demarcação de suas terras. Disse ter presenciado durante vários anos a atuação de pistoleiros, fazendeiros e latifundiários armados, ameaçando e violentando seu povo. “Agora as ameaças e o medo tornam a assombrar os indígenas e outros povos/comunidades originários. Os movimentos precisam se unir para defender e exigir seus direitos”, afirmou. Ainda enfatizou que a tecnologia e os aplicativos utilizados pelos jovens têm prejudicado muito a continuidade da cultura indígena. A propósito, destacou a importância da formação de novas lideranças.

Joelson Ferreira de Oliveira, liderança do assentamento Terra Vista, em Arataca, e membro da coordenação da Teia dos Povos aprofundou a análise de conjuntura sobre o atual contexto geopolítico no Brasil e no mundo, mostrando desafios para os movimentos sociais. Ressaltou que a luta por terra e território é permanente e depende de mudanças intergeracionais para construir outro mundo possível, marcado pelo bem viver entre os povos latino-americanos. Afirmou a necessidade urgente de mudar o modelo de produção e consumo capitalistas e fortalecer a agroecologia e a soberania alimentar.

A professora da UNEB, Luzeni Ferraz, que também é professora do curso de PGAEC e colaboradora no processo formativo junto ao assentamento Terra Vista, falou da necessidade que a sociedade tem de aprender com os povos indígenas. “É preciso resgatar a relação profunda e milenar de cuidado com a natureza por meio dos encantados, que são espíritos ancestrais que protegem e animam a luta do povo”.

No período da tarde, Joelson de Oliveira e Solange Brito, coordenadora do Centro Integrado de Educação Florestan Fernandes, apresentaram o histórico de organização da Educação no/do Campo no Assentamento Terra Vista. Enfatizaram o processo de transição agroecológica ao longo de 18 anos, de 1998 a 2016, com apoio fundamental da engenheira agrônoma e pesquisadora Ana Maria Primavesi e de Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço.

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Para a estudante de pós-graduação Patrícia Kimiko Miyagawa, a vivência no assentamento serviu para desconstruir preconceitos em relação aos movimentos sociais. “Pude ver um trabalho de produção de alimentos associado à restauração do meio ambiente. Aprendi que precisamos conhecer de perto as realidades e experiências para só depois poder dar opinião a respeito”.A noite do dia 03 foi marcada por uma bonita confraternização e momento cultural, com a participação de estudantes e professores do curso de PGAEC e do Centro Integrado de Educação e assentados/as. Realizadas no Centro Cultural do assentamento, as atividades foram muito significativas para a interação e integração entre todos os participantes.

Na avaliação da estudante Marlua Socorro-Batista a experiência foi muito valiosa. “O assentamento é um exemplo de organização dos trabalhadores rurais, com base na justiça e na solidariedade. Nota-se que é possível produzir alimentos saudáveis e também gerar renda”. Ela destaca a contribuição do cacique Nailton, o qual chamou a atenção para a necessidade de cuidar da “mãe terra” como fonte de vida e de espiritualidade.

A estudante Ana Clara também classifica a aula em campo como altamente positiva. “Foi inesquecível e de grande aprendizagem. Aprendi que precisamos conhecer mais como é produzido o que estamos consumindo. Os mestres Joelson e cacique Nailton nos ensinaram a respeito da importância da luta dos povos originários e das pessoas do campo”. Ela avalia também como muito significativa a visita da turma, orientada por agricultores do assentamento no domingo pela manhã (dia 4), às áreas de plantações de grãos e cacau, às áreas de reflorestamento e à fábrica de chocolate orgânico.

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