O pau-brasil [Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis] é a planta símbolo do 38.º Encontro Regional de Botânicos (ERBOT - MG/BA/ES). Também conhecida como ibirapitanga, arubutã, pau-de-pernambuco ou brasileto, é uma espécie típica da Mata Atlântica e sua história confunde-se com a própria história do Brasil, único país do mundo que recebe o nome de uma planta.
Os indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses já utilizavam a ibirapitanga (do Tupi ïbi'rá = pau; pi'tãga = vermelho), mas a chegada dos portugueses tornou esta espécie alvo de uma intensiva exploração que durou 375 anos, entre os séculos XVI e XIX, e continua até os dias de hoje, ainda que em menor escala. Estima-se que existiam cerca de 70 milhões de árvores dessa espécie distribuídas desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, mas, atualmente, encontram-se restritas a fragmentos de florestas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e na região sul da Bahia.
A espécie foi descrita inicialmente por Lamarck em 1785 como Caesalpinia echinata, mas, em estudo recente, o pau-brasil passou a se chamar cientificamente Paubrasilia echinata, diante das análises genéticas realizadas por Ediline Gagnon e colaboradores, utilizando mais de 200 espécies aparentadas do pau-brasil, o que levou os autores a atribuir-lhe um novo nome devido a sua história evolutiva que diverge das demais espécies do gênero Caesalpinia.
O pau-brasil é uma árvore da Mata Atlântica, frondosa, da família das leguminosas (Leguminosae ou Fabaceae), que possui entre 15 e 30 metros de altura, mas, quando cultivada, dificilmente ultrapassa os 12 metros. Seus troncos, ramos e frutos possuem acúleos (que são estruturas semelhantes a espinhos) e daí deriva o seu nome específico “echinata” que significa “com espinhos”. As folhas são recortadas e brilhantes na sua face superior e contrastam com o belíssimo amarelo de suas flores, tornando-a uma planta com grande potencial ornamental-paisagístico.
Apesar de seu valor histórico, econômico, ecológico e ornamental, o pau-brasil figura na Lista de Espécies da Flora Brasileira ameaçadas de extinção desde 2004 e, em 2012, o Ministério do Meio Ambiente instituiu o Plano Nacional de Conservação do Pau-Brasil (Portaria 320/2012). Mas, ainda hoje, não existe um Plano de Ação Nacional para conservação desta espécie tão importante.
A importância do pau-brasil para a história do país, a recente alteração nomenclatural, passando o nome comum ao status de gênero da referida espécie, e a relação de preservação que esta planta tem com a Mata Atlântica, faz da Paubrasilia echinata uma planta símbolo ideal para o tema: “Diversidade Vegetal da Mata Atlântica: tecendo redes de conhecimento”. Espera-se que o 38° ERBOT permita reforçar a grande rede formada pelos diferentes atores sociais, científicos e governamentais que atuam no bioma, no propósito de formar um resistente tecido de valorização socioambiental para decisões coletivas em benefício da Mata Atlântica, de seus povos e do planeta. Ações locais que possibilitem repercussão global!