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Pensando a Língua (PROEXT)

  • Publicado: Quinta, 09 de Agosto de 2018, 13h09
  • Última atualização em Quinta, 09 de Agosto de 2018, 13h12
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A diversidade linguística do Brasil é uma das mais notáveis do planeta, somando, segundo os linguistas, cerca de 160 línguas entre os povos indígenas. No entanto, há muito desafios para que os povos ameríndios continuem falando suas línguas, tendo em vista que não existem políticas que os permitam exercer sua cidadania em suas línguas nativas e que muitos destes povos possuem menos de 1000 indivíduos. O povo Pataxó, através do grupo Atxohã, caminha no sentido contrário deste lamentável processo de desaparecimento das línguas indígenas no Brasil: através da pesquisa para a retomada da língua ancestral, os Pataxós travam uma importante luta contra o esquecimento e aniquilamento de sua cultura e povo.

Neste contexto, O Atxohã, grupo de pesquisa sobre língua e cultura Pataxó, conjuntamente com o PROEXT, Programa Arte, história e língua maxakali-pataxó: educação pública intercultural e integral na região Sul da Bahia, o Museu do Índio Funai e a Associação Filmes de Quintal, promoveu o Curso de linguística “Pensando a língua”, ministrado pela Professora Bruna Franchetto (Museu Nacional – UFRJ), linguista com extenso trabalho de tradução e estudo de línguas ameríndias, com mais de 30 anos de trabalho entre os povos Kuikuro do Xingu, em que, além de construir a gramática e propor a escrita desta língua, formou uma geração de linguistas e cinegrafistas.

Bruna Franchetto é professora do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social no Museu Nacional – UFRJ, pesquisadora do CNPq e coordenou o Projeto de documentação de línguas indígenas (PRODOCLIN) que consistiu em uma importante iniciativa do Museu do Índio-Funai em parceria com a UNESCO para a salvaguarda das línguas que se encontram em risco de não ter mais falantes vivos.

Realizado entre os dias 29 de janeiro e 10 de fevereiro 2017, na Reserva da Jaqueira (Porto Seguro, Bahia), o curso “Pensando a Língua” teve como objetivo avançar  no processo de retomada da língua pataxó após um percurso de 20 anos de pesquisa, reuniões, debates, resistência e criação envolvendo os pesquisadores, os anciãos, pajés, e toda a comunidade pataxó. Esse encontro linguístico também contou com a contribuição dos mestres Tikmu’un, cuja língua, o Maxakali, é irmã da língua pataxó (família linguística maxakali, tronco macro jê). Entre palavras e sons e por meio de um estudo linguístico, morfológico e fonético o curso se enriqueceu com o contato de dois povos irmãos e foi capaz de promover uma troca de experiências didáticas acerca do ensino entre os professores de Patxohã.

O evento foi responsável por reunir professores de Patxohã de cerca de 40 Aldeias Pataxó (incluindo aldeias de Minas Gerais, como Carmésia), promovendo uma troca de saberes acerca das metodologias de retomada e ensino da língua, do vocabulário e das histórias dos antigos mestres. Além do estudo da língua, o curso também foi espaço para a apresentação de diversos trabalhos acadêmicos dos pesquisadores Pataxó. “Pensando a Língua” se tornou um espaço para reafirmação da cultura Pataxó e trouxe ânimo aos professores que continuam seus trabalhos para a elaboração de um material de referência linguística acerca do Patxohã.

Texto de Victor André
Estudante do BI Saúde UFSB / IHAC CSC
Bolsista do PROEXT

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